segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pomba amargurada

Maria da Pomba sente-se derrotada. A vida nos últimos tempos não tem sido fácil. Uma denúncia anónima pôs o nome do seu negócio a correr no sistema da DGCI. Surgiram “irregularidades” assegurou-lhe o inspector das finanças, ao encerrar-lhe as portas do ofício por tempo indeterminado, o mesmo tempo que leva a “instruir o processo”, acrescentou o homem já de costas voltadas. Como é que isto podia ter acontecido?! Logo a ela, uma fiel cumpridora das suas obrigações legais e tributárias. Ela, alferes jubilada do exército. Isto, dizia para si mesma, só pode ter sido obra daquela invejosa, ranhosa, porca …
- O do costume seu dona Pomba?
A pergunta do Manel da taberna, afastou-a por momentos, do chorrilho de impropérios que lhe assolavam a alma e o raciocínio.Fez um esgar de dor e desdém, e com um gesto de mão apontou-lhe para a garrafa de Licor Beirão, arrumada na prateleira imediatamente por cima da máquina de café.
- Com duas pedras de gelo. Num copo balão. Lá para fora, para a esplanada – acrescentou-lhe dirigindo-se para a porta.
Arrastou-se até à mesa, onde repousou com excessivo desânimo os despojos do seu sonho sobre rodas. Sempre tinha tido queda para o melodrama, e situações de stress aguçavam-lhe os tiques teatrais. Não bastando esta confusão havia ainda a questão das amigas. As comadres. Desde a maldita hora que colocou anúncio para contratar um mordomo, que não as aguentava. Começou logo pela Linda, a menosprezar as questões dos astros, levando as outras pelo caminho da tentação carnal. Depois o tipo é gémeos, com ascendente de Touro, e estamos todas tramadas. Mas isso elas não querem saber, nã, o importante para elas é assegurar que o homem seja isto e aquilo, e que vista aqueloutro, e que faça ginástica e mais não sei quê. Com isso é que elas se ralam, a Pomba que se preocupe com a piscina!
- Ò Manuel traz mais outro. Bem servido! – gritou entre pensamentos.
Quer se dizer, tinha ela alvitrado a hipótese de se contratar alguém que a ajudasse na limpeza geral e a não ter de aturar as confusões da Maximina e da Santinha, e agora era o que se via. Todas malucas e incontroladas! Até a Maria de Lurdes, sim a Maria de Lurdes uma mulher dum certo estatuto social, estrela de TV, e a preocupação dela era que a criatura fosse um interno. Um interno, por Deus! E a Vanderlei, até a Vanderlei, parecia esquecida do seu Pipo, por conta do raio do mordomo.
Maria da Pomba sentia-se derrotada. Não esperava esta atitude das suas amigas.
Mas o cúmulo dera-se na semana passada quando a Maximina tinha tido a audácia, sim, a vergonhosa audácia de a comparar à Maya. À MAYA!!!!!! Logo essa remelosa da cartomancia e das operações às mamas. Maria da Pomba sabia que já não era um avião, mas o seu par de, ainda, viçosas mamas não era fruto de nenhuma intervenção plástica. Era tudo dela, tudo, mas mesmo tudo.
E a última! Não sabia o que pensar da última novidade. A novidade da Santinha. Já não bastava o sonho erótico, partilhado em escandalosos detalhes num jantar regado a sangria de ananás, modernices da Vanderlei, agora tinha vindo com a tara do casório. Apre!
Bebeu dum trago o licor fresquinho, que repousava sereno sobre a mesa da esplanada e aproveitando uma fugaz aparição do Manuel no exterior, gritou-lhe:
- Ò rapaz, traz-me a garrafa e o balde de gelo, que está escrito nas estrelas que a minha estada hoje na esplanada, vai ser longa!
Manuel olhou para o céu azul, onde o sol espreguiçava os primeiros raios da tarde, e questionou-se sobre as faculdades da seu dona Pomba. Chegou inclusive a hesitar, preparando-se para a interpelar, mas ao voltar-se, viu-lhe a enorme sombra, balanceando-se ao som duma música inaudível, e achou por bem, deixar a conversa para outro dia.

6 comentários:

  1. Olha filha antes de vires para aqui lançar falsos testemunhos lê o que eu escrevi! Eu não te comparei à Maya! Eu cheguei foi à conclusão que a Maya sendo tarola é que lança as cartas e não tu que és astrola ou que é. Tá bem? Não arranjes desculpas para ir para a pinga que eu cá não sou de intrigas mas sei que isso do licor beirão já vem de longa data. Desde aquela altura em que tiveste o desgosto por causa do Josué. Cala-te boca que não sabes de nada Maxi. Um xizinho daqueles e se precisares do contacto dos AA eu dou-te que o meu... Ai... que o nosso Valério em tempos muito idos também precisou.

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  2. Ó Comadre, fiquei comovida.
    Se calhar andamos todas um pouco excitadas com isto do mordomo. Mas sabes como é, umas por uns motivos e outras por outros, não resistimos à tentação da carne - como diz a Santinha. E é a crise, uma pessoa fica sempre com receio que certos bens escasseiem ainda mais.

    Não nos vamos zangar nem meter em problemas de alcoolismo por causa de um mordomo! (em caso de necessidade dispenso o Fabião).

    Eu acho, que um dia destes, agora quando voltar o sol, devíamos encontrarmo-nos na tasca do Manel, beber um licor Beirão e tratar deste assunto entre comadres. Depois um jantar. Que tal? alinham?

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  3. ALINHO PÁ. VocÊs prometem, prometem e nada. Ou andam a excluir a maxi? Olhem que se eu sei nem queiram saber aquilo de que a minha língua viperina é capaz! eh eh eh. Xizinho queridas!

    (Só vocês me aturam. E o meu... Ai... O nosso Valério)

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  4. zoceses é ques tão a lancere buatus, eu não sssous bêbada, eu nuncas ques nuncas bebu...muitosss ... vou só ate alis deitareme e depoiises conversamus hic

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