Bem sei que partistes com o teu grande amor, a Santinha. Eu às vezes dava por mim a pensar... Ele hoje não me está a rezar como deve de ser, a reza não flui ou que é, e perguntava-te alembras-te? "Que é que tens filho?" e tu olhavas para mim e sorrias-te todo, com o teu dentinho podre e dizias, agarra nas bolinhas e reza. E eu lá rodopiava o tercinho nos dedos e continuava-me a amar-te cegamente...Ai... A rezar com fervor. Ora, como eu de ti só queria as orações, que para aturar homes já me tinha chegado e bem, meu paizinho que Deus o tenha, mas que mal vi no que é aquilo de viver com um home dava (coitada da mãezinha sempre encornada, sempre encornada e sempre a fazer-te as comidinhas, como gostavas, paizinho) me tinha metido na mona "Contigo não Maxi. Contigo não. Há-des viver livre como uma codorniz" E assim o fizeo. Vivo até hoje sozinha mas sou alegre. E além disso uma pessoa pode viver sozinha sem ter de abdicar da religião não é verdade? E assim surgistes tu, queridinho, já no Outono da minha vida e viestes dar vida ao que antes era de plástico e a pilhas. Ai... Viestes materializar a minha fé. Assim é que foi. Ora, não estava nada à espera que esta felicidade viesse ser lixada desta maneira ambruta (ouvi isto no outro dia e tu sabes que eu gosto de aprender palavritas novas. Que eu cá só sou velha no cartão do cidadão. Já o tenho! E fiquei muito bonita dentro do que me é possível. Mas já não to cheguei a mostrar. Está tão lindo o meu cartão do cidadão Valério. Com quem é que eu partilho estas coisinhas giras todas queridinho? Dirias: "Com as outras comadres." e eu respondia-te, se pudesse, meu cabr... "Elas já sabem a minha vida toda! As coisas ainda não acontecerem e eu já lhas contei. É um problema que eu tenho com esta língua de trapos, tu sabes...) Ora acertei quando te senti distraído e pouco empenhado nas rezas, mas nada me fazia prever que a razão da tua distracção era a Santinha. Eu sei, eu sei, ela é tão bonita e pura e tu fizestes o que o teu coração mandou. Não te guardo rancor... Caralh... Fodas... Porra... Não! Juro-te que não. Que me dê aqui já uma caimbra se te guardo rancor meu granda cabr... Ai porra que me está a dar uma caimbra. O meu problema agora é as recordações percebestes? Isso é que é. Vêm aí os Santos Populares e alembro-me de quando me destes o manjerico e meti logo lá o nariz, como gosto de fazer com quase tudo e o manjerico coitadito morreu logo no dia a seguir. Alembro-me que no outro dia me trouxestes outro e eu fiz a mesma coisa e alembro-me da quadra e tudo, mas agora não tenho tempo de a pôr aqui que ando cá a ver se me oriento de outra maneira. Em último caso, volto ao plástico... Ai... Às orações no recolhimento do lar. É difícil arranjar alguém que me dê com a fé entendes? Olha Valério, nunca me vou esquecer deste lindo caminho que percorremos juntos e espero que em breve te atinja aquela coisa da disfórmia erecta ou que é, que é para te reformares que eu sei que te sentes já, por demais, cansadito. Um grande xizinho querido e quando puderes reza uma a pensar em mim. Agradecida.
Da antes sempre tua devota, mas agora já não tanto porque me lixastes a vida sex... Ai... Religiosa, Maximina.