terça-feira, 12 de maio de 2009

Gurosan, o melhor parceiro da manhã seguinte

Pomba levanta-se com esforço. O quarto parece ter ganho vida, e o mobiliário insiste em mudar de sítio a uma velocidade impossivel de acompanhar. A cabeça, essa, parece estar inchada como o soalho do alpendre do palacete quando chove sem parar.
Com ajuda do tacto prossegue para a casa de banho, tentando a todo custo evitar o raio da dança das mobilias. Em glória, alcança o lavatório, onde se agarra com firmeza. Olha-se ao espelho, e por momentos está certa que reencarnou o falecido pai. Volta a fechar os olhos, e recorrendo uma vez mais à preciosa ajuda das mãos, abre o armário, estilo Luís XV, onde guarda as mézinhas e as drogas facilitadoras do bom humor. Em modo de apalpação procura o fasquinho milagroso. Perante o insucesso, acede e abre os olhos para assegurar uma melhor busca. Os poros começam a dilatar, o suor emana-lhe das entranhas e um estranho cheiro de licor empesta a casa de banho. Sente o pânico a surgir. Tenta salivar mas a boca sabe a palha. À cabeça regressam as palpitações, ao mesmo tempo que a informação ganha solidez.
- FODA-SE! - grita Maria da Pomba, indiferente ao latejar no interior - emprestei a última embalagem de Gurosan à sacana da Maria de Lurdes!

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