quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

COMADRES


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Estaba morriendo de saudades, mujeres!

Olá queridas amigas. Que saudades de ustedes. Tengo tanta coisa para vos decir. A digressão foi um sucesso. Adorei conhecer Espanha, nuestros hermanos são uns queridos. Guapos mesmo. Como as comadres bem sabem, eu ainda não conhecia o país de mi querida abuela. E olhem, amei! Perdoem-me a ausência prolongada e a falta de notícias, mas bem me conhecem e sabem que quando estou em digressão fico outra. Entrego-me com toda mi alma e corazón. Os shows me ocupam mucha dedicação. E estes que fiz em Espanha mereceram todo mi empenho. Os meus dias eram ocupados em massagens, na esteticista, nas touradas... a comer tapas. Hum, que ricas. De lamber os dedos e chorar por más! Por dios! Ah, e por falar em comida, nada de levar bolinhos para o palácio esta semana... Bem, pensando mejor, desculpem lá comadres... falei antes de pensar. Não quero ser a desmancha-prazeres do grupo, por isso os bolinhos podem ficar. Mas só se não forem daqueles cheios de creme, como pastelitos de nata e rins - oh Maria de Lurdes, não falo dos teus, mulher, esses de tão estragados que estão, ainda me dava uma coisa má. O meu regime alimentar só permite bolachinhas integrais ou de água e sal. Vão ver como a conversa até vai ficar mais magrinha de má-língua... isto se a Maxi deixar, claro. Ah, ah, perdoa-me querida, sabes que adoro meter-me contido! Mas, voltando à conversa, porquê o regime alimentar, perguntam vocês? Sim, porque a Linda de Suzi sempre se destacou pela elegância, certo? Ai, digam que sim, ao menos vocês minhas queridas, que me faz tão bem ao ego. É que, de tanta tapa que eu comi, não é que se me rompeu o vestido durante um espectáculo?! Um vestido à sevilhana que eu tinha comprado de propósito para a ocasião, bem justinho como me gusta e pimba! A costura deu de si e saltou-se-me um pneu para fora. A Plaza Mayor estaba cheia de gente, só não viu quem não quis. Mas olhem, sabem que más? Cantei a música até ao fim e quando saí de palco para mudar de roupa, fartei-me de rir. Rir, ouviram bem. Porque tristezas não pagam dívidas. E porque, también, ao fim de tantos anos de carreira e de embaraços em palco, a Linda de Suzi já não precisa preocupar-se com pequeños incidentes. Mi carreira, mi fama já está construída. Só a voz me preocupa. E essa estava lá, no seu melhor. Límpida e afinada, como nos meus primeiros anos de concertos em Arraiolos. Gracias Pomba, pelo chá de perpétua roxa que me deste antes de partir. Deviam ver-me a cantar com mi querido Julio, no refrão de El Amor. Juro por mi madre que metade do público chorou ao ouvir-nos, homens e mujeres. E eu e Julio, nos dois de manos dadas e cantando com alma. Lindo. Tengo fotos, muchas fotos. Después levo para o palácio. Lá nos vemos. Hasta luego, queridas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ai porra que cheguei atrasada!

Então Maria de Lourdes queridinha?! Viestes cá lavar as colchas sozinha? Tinha-te dito mulher que vinha contigo mas acontece que me deixei dormir. Estive numa ralação a tarde toda, a tarde toda com o cego...Ai com o Libório tu sabes lá. Então o home aparece-me lá em casa a dizer que já não sabe o que sente e quê, que não sabe o que é que se passa com ele, que não sabe sé do cheiro das croques, se é da voz, mas que já não se sente antractível por mim. Mas tu não te rales mulher que eu virei-me para ele dei balanço ao braço e só lhe fiz assim um gesto, foi só o gesto mas que ele lá lhe sentiu o vento e ficou com medinho e foi-se deitar. Depois vim a corrêri mas já não te apanhei 'tá visto. Olha como é que fazemos com isto? Isto está ao abandono. Até mete dó. Desapareceram-me todas tu já visteS? E olha, eu cá não sou de intrigas mas tenho para mim que a culpa foi do Valério. Ele meteu-se no meio de nós. Armado em nosso Senhor (no meio de nós) o cabr... Ah mas ele não perde pela demora. Perguntas tu o que é que a boa da Maxi fez. E perguntas muito bem, eu não sei ficar quieta tu sabes queridinha então o que é que eu faço encho-me de coragem e amando uma sms ao Professor Mamadu que me houvera deixado um bilhetinho no carrinho de ir às compras - aquele filha, com o padrão da barbérrias que me trouxe a Linda de Suzi quando veio da digressão dos estates unites alembras-te? Pois... - e pimbas 4 ou 5 horitas depois bem que tinha a bela da resposta. Ele foi muito lancóbrico ou que é, não malembra agora como se diz mas ensinou-me o que fazer e eu pimbas, fizeo. E o Valério não se vai ficar a rir ai não, não! 'Tá aqui 'tá cheio de comichões num sítio que eu cá sei e que depois te digo ao ouvido Maria de Lourdes que é pra gente se rirmos com gosto, como a gente as duas gostamos. E as outras? Ai na nossa idade não gosto nada destes silêncios com os AIVACÊS e quê que dão às pessoas. Espero que estejam todas benzinho, mas é. Queridinha se quiseres que te dê o contacto do Mamadu eu dou, aviso-te já é que ele se paga em bebidas alconlitas e em coisas que eu agora aqui não posso dizer. Eu fizeo, mas fizeo só porque tenho muita raiva do Valério e nada mais, que eu como tu tão bem sabes sou uma pessoa casta e de bem. Olaré. Olha, gostei muito de falar contigo, mas a ver se a gente se vemos que eu gosto mais da vida a sério do que destas parvoíces virtualias queridinha. Xizinhos bons cheios de saudadinhas e quê. Sim?
P.S. Para a próxima leva à 5 a SEC que está sempre lá para mim e pode ser que para ti tb dizes que vais da minha parte.
Sempre tua boa amiga, Maxi.

Estimados telespectadores,

Interrompemos a nossa emissão para informar que a seguir faremos uma pausa para publicidade e logo após retomamos a emissão com o tv rural. Depois segue-se o noticiário do país e do estrangeiro seguido de um emocionante programa de variedades musicais. Depois logo se vê.
até já,
Maria de Lurdes Honesto

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Queridas Comadres,

Finalmente! (ai exclamei, credo, desculpem lá, foi da euforia de estar a falar convosco)

Bom, tenho tantas novidades, ui, sabem lá. Também casei ... (já aboliram a pobre da reticência?), bom, mas descasei logo a seguir. Por isso é que não vos avisei, não levem a mal, foram cá coisas minhas e do Fabião, um amor vivido à pressa. Tudo começou depois da Santinha nos ter dado conta que estava de esperanças, comecei com os calores, a roupa a deixar de servir, o peitos já se sabe, incharam, depois vieram os desejos de comer bibelots de porcelana- diz que é da carência mineral (aiiiiiiiiii, desculpa Ulisses), o enjoo ao álcool e pronto, não havia dúvida, achava eu. O Fabião ficou ao rubro com a notícia, pediu-me em casamento e lá fomos ao registo da Rua da Madalena numa simpática manhã de Junho, por alturas do Santo António. Partimos de lua-de-mel, fomos para Cabo Verde, tudo corria como nos filmes da Júlia Roberts quando se apoderou novamente de mim o desejo de beber um copo e os peitos desincharam. Achei estranho. Tive a confirmação ao entrar numa loja de artesanato e não ter a mínima vontade de comer nadinha, está bem que eram madeiras, mas mesmo assim nada me abriu o apetite.

Ora, tudo não passou de uma gravidez psicológica. Deveu-se os calores do Verão, mais as boas novas da Santinha e ainda o Fabião, que se passeava sem camisola de alças sempre que ia lá a casa consertar o frigorífico, tudo isto mexeu por demais comigo. Mas depois, sem a vinda do nosso tesoiro logo nos enjoámos um do outro e tratámos de desfazer o casamento. Mas isto foi passado.
Agora o futuro, Comadres, vocês já deram conta desta notícia:
Sarkozy e Carla Bruni compram casa em PortugalNicolas Sarkozy e Carla Bruni adquiriram uma casa na Comporta, de acordo com a edição desta quarta-feira do jornal 24Horas. O casal terá sido visto a jantar perto da praia do Carvalhal, acompanhado pelo filho da cantora, Aurilien, de oito anos.
A compra da herdade, com acesso restrito àquela praia, teve como intermediária a condessa Albina de Boisrouvray, membro do jet-set internacional e responsável pela vinda de alguma realeza àquela zona, como os Grimaldi, do Mónaco.
Albina de Boisrouvray é madrinha da filha de Carolina do Mónaco, Charlotte, e ainda recentemente a jovem esteve na zona, acompanhada pelo tio, o príncipe Alberto, com a sua namorada. Outra das famílias reais que costuma visitar a Comporta é a monarquia da Jordânia, nomeadamente a rainha Raina.
Mas esta gente não tem os principados deles? as suas Cotes d'azures? agora vêm dar maçada a gente, mais uma rebanhada de paparazzis, que há-de ser uma dificuldade para estacionar o veículo junto ao Carvalhal. Por outro lado estive cá a pensar, ó comadres, e se a gente falasse com a Condessa Albina por causa do nosso Palacete? Para alugar, hã? Quem sabe ela fazia um intermédio?! Tenho cá um feeling que Bucelas ainda há-de ser tão glamorosa quanto a Sardenha. E temos tantos quartos, olha aquele casal simpático que tem muitos filhos adoptados, e mais uns que diz que é deles, hã?
Ai mulheres, pensem no assunto que pode ser a salvação da nossa ruína.
Abraço repimpado
Maria de Lurdes

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

LFB já faz parte do clube dos casados

O humorista Luís Filipe Borges casou-se hoje em segredo com a actriz São José Correia. Fonte próxima do apresentador confirma o enlace amadrinhado por D. Helena e comenta que "foi amor à primeira vista". De facto a sensual actriz foi uma das convidadas do "5 p/a Meia Noite" de sexta-feira passada e foi o próprio LFB a confessar durante o programa ter conhecido São José Correia naquela noite. LFB e SJC têm estado incontactáveis, provavelmente a gozar a lua-de-mel. A produção do "5 p/ a Meia Noite" já confirmou o súbito casório mas garante que na próxima sexta-feira LFB vai apresentar como sempre o programa, com uma única diferença, agora de aliança no dedo.

5 p/ a Meia-Noite - MEXERICAR, sexta-feira, 14 de Agosto de 2009


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Casada de fresco


Parabéns e muitas felicidades!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Por falar em ....


Ia só comprar a Burda, mas não resisti à cena da fama ... ;)

Pós - Fama

Como com quaisquer outras estrelas, depois da fama nos media, o desinteresse e o silêncio.

terça-feira, 14 de julho de 2009


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Demorou, mas veio...


...um grande beijo de parabéns à nossa querida Pomba. Gira nos seus maduros 35 anos.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Hoje



É o dia da Santinha!
beijinhos

terça-feira, 23 de junho de 2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Santos Populares

Pomba abriu o guarda-jóias, e vasculhou por entre o emaranhado de pechisbeques, os brincos de mola e colar de pérolas, herança da sua mãezinha. Ajeitou o casaco preto de caxemira, e num trejeito diário, passou as mãos pela saia verde tropa, moldando-a ao corpo.
Cedeu-se a mais um relance ao espelho, antes da última inspecção à malinha de mão.
Chaves, confere.
Porta moedas, confere.
Telemóvel, confere.
Lenços de papel, confere.
Kompensan, confere.
Viu as horas no relógio de pulso, e pensou que tinha de se apressar. As comadres já por lá deviam andar, e as sardinhas, pelo aroma que se sentia no ar, já estavam a assar.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

QUERIDINHO VALÉRIO:

Bem sei que partistes com o teu grande amor, a Santinha. Eu às vezes dava por mim a pensar... Ele hoje não me está a rezar como deve de ser, a reza não flui ou que é, e perguntava-te alembras-te? "Que é que tens filho?" e tu olhavas para mim e sorrias-te todo, com o teu dentinho podre e dizias, agarra nas bolinhas e reza. E eu lá rodopiava o tercinho nos dedos e continuava-me a amar-te cegamente...Ai... A rezar com fervor. Ora, como eu de ti só queria as orações, que para aturar homes já me tinha chegado e bem, meu paizinho que Deus o tenha, mas que mal vi no que é aquilo de viver com um home dava (coitada da mãezinha sempre encornada, sempre encornada e sempre a fazer-te as comidinhas, como gostavas, paizinho) me tinha metido na mona "Contigo não Maxi. Contigo não. Há-des viver livre como uma codorniz" E assim o fizeo. Vivo até hoje sozinha mas sou alegre. E além disso uma pessoa pode viver sozinha sem ter de abdicar da religião não é verdade? E assim surgistes tu, queridinho, já no Outono da minha vida e viestes dar vida ao que antes era de plástico e a pilhas. Ai... Viestes materializar a minha fé. Assim é que foi. Ora, não estava nada à espera que esta felicidade viesse ser lixada desta maneira ambruta (ouvi isto no outro dia e tu sabes que eu gosto de aprender palavritas novas. Que eu cá só sou velha no cartão do cidadão. Já o tenho! E fiquei muito bonita dentro do que me é possível. Mas já não to cheguei a mostrar. Está tão lindo o meu cartão do cidadão Valério. Com quem é que eu partilho estas coisinhas giras todas queridinho? Dirias: "Com as outras comadres." e eu respondia-te, se pudesse, meu cabr... "Elas já sabem a minha vida toda! As coisas ainda não acontecerem e eu já lhas contei. É um problema que eu tenho com esta língua de trapos, tu sabes...) Ora acertei quando te senti distraído e pouco empenhado nas rezas, mas nada me fazia prever que a razão da tua distracção era a Santinha. Eu sei, eu sei, ela é tão bonita e pura e tu fizestes o que o teu coração mandou. Não te guardo rancor... Caralh... Fodas... Porra... Não! Juro-te que não. Que me dê aqui já uma caimbra se te guardo rancor meu granda cabr... Ai porra que me está a dar uma caimbra. O meu problema agora é as recordações percebestes? Isso é que é. Vêm aí os Santos Populares e alembro-me de quando me destes o manjerico e meti logo lá o nariz, como gosto de fazer com quase tudo e o manjerico coitadito morreu logo no dia a seguir. Alembro-me que no outro dia me trouxestes outro e eu fiz a mesma coisa e alembro-me da quadra e tudo, mas agora não tenho tempo de a pôr aqui que ando cá a ver se me oriento de outra maneira. Em último caso, volto ao plástico... Ai... Às orações no recolhimento do lar. É difícil arranjar alguém que me dê com a fé entendes? Olha Valério, nunca me vou esquecer deste lindo caminho que percorremos juntos e espero que em breve te atinja aquela coisa da disfórmia erecta ou que é, que é para te reformares que eu sei que te sentes já, por demais, cansadito. Um grande xizinho querido e quando puderes reza uma a pensar em mim. Agradecida.

Da antes sempre tua devota, mas agora já não tanto porque me lixastes a vida sex... Ai... Religiosa, Maximina.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ele há períodos na vida, em que tudo se assemelha a um enorme buraco negro

Foram os problemas com as finanças, o negócio que não voltava a descolar, o sentimento de angústia e depressão, e depois a grande bomba. A dor imensa. A partida da Santinha.
Maria da Pomba não podia deixar de se sentir feliz pela sua amiga. Estava com o homem que sempre a amou, ainda que em segredo, e esperava o filho há muito desejado.
As restantes comadres tinham ficado espantadas, duvidavam da veracidade das informações, mas ela sabia que era verdade.
Aquele amor da Santinha tinha começado fazia muito, era ela ainda muito moça. Com a vinda para Lisboa, e com a continuação da necessária farsa, veio também a obrigatoriedade de se fazer de mais velha. Muito mais velha. Foi por isso que, inicialmente se juntou àquele divertido grupo de velhas. Pelas tricas do bairro, e para lhes copiar os trajeitos e as posturas. E não fora o extremo poder de observação de Maria da Pomba, e a sua capacidade de ler nas estrelas que ali havia coisa, e a trama jamais teria sido desvendada. Mas Maria da Pomba era mulher honesta e antes de tudo o mais confrontou a recém amiga, que lavada em lágrimas, lhe confidenciou o amor proibido, e as razões macabras que os haviam trazido até ao centro de Alfama. Maria da Pomba desfez-se por dentro com a história interdita da pobre moça, e fez promessa militar que a havia de ajudar. Jurou-lhe segredo, e assim o manteve. Bordou-lhe quase todo o enxoval com motivos de namorados religiosos, prendas que Santinha guardava com extrema cautela no fundo duma velha e pesada arca onde repousava a televisão do quarto.
Por vezes queria apresentar Santinha a uma vida diferente. Ponderara até juntá-la ao Cotovia. Tinha-lhes lido o mapa de compatibilidades, e aquilo era uma união feita nas estrelas. Mas o destino fintou-lhe as ambições.
Era um período triste. De difícil suportar.
Mas agora nada ... nada, mas mesmo nada, a tinham preparado para aquele momento.
Na manhã depois duma estranha tarde passada com a Linda, em que esta lhe insistira tocar todo o seu imenso repertório, com direito a encore com 4 ou 5 êxitos, e uma overdose de pistáchios salgados para melhor aguentar a coisa, aparecera-lhe umas manchas vermelhas pela cara e pelo pescoço. Convencera-se que tinham sido os pistachos em dose maciça, e que o Correia do Posto Médico logo lhe havia de dar indicação duma pomada.
Foi por isso com consternação que ouviu a palavra “varicela”.
Agora encontra-se de cama, em estado febril, onde alucina com o regresso da Santinha a cantar os êxitos da Linda, enquanto a Maximina grita pelo Valério e a Maria de Lurdes procura esconder atrás das costas uma imensa caixa de embrulho. Estranhamente Vanderlei, é a única comadre que se mantém na sua condição normal, a recortar fotos do Filipe de Espanha para o álbum de família.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Linda de Suzi:

Preciso que me ensines a colocar a voz. O cego anda-me a fugir. E é da voz que eu mau hálito não tenho. O Valério nunca se queixou e vocês sabem como ele era sincero. É que ando a precisar das minhas orações. Xizinho.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Una crise de Média-Idade

O que se passa é que Maria de Lurdes tem tido sonhos estranhos desde que leu o bilhete a dar conta da partida de Santinha. E além disso não perde a Oprah antes de ir dormir. Então, ora sonha que está grávida (e é o doctor Oz que lhe faz o parto), ora sonha que lhe chegam os malditos afrontamentos.

(coitada)

Coisa estranha

Nessa noite estava um calor insuportável. Maria de Lurdes não entendia, tinham anunciado no telejornal que ia chover. A colega apontou no mapa com veemência para a possibilidade de ocorrência de chuva no litoral e neve nas terras altas. Mas ela tinha um calor danado. Coisa mesmo estranha (tão estranha quanto um caixote de papelão, enorme, que estava no seu hall de entrada e não se lembrava de onde tinha vindo…). Apostada no seu suspeito bom senso, rejeitou a hipótese de terem chegado os primeiros afrontamentos. Cruzes, credo. Não podia ser. Ou era do álcool ou era sinal que vinha aí trovoada. Bebeu mais um copo, com gelo. Ao menos refrescava. Só não podia exagerar, não fossem os copos fazê-la passar pelos devaneios dos últimos dias. Agora, a bebida causava-lhe delírios com as suas comadres. Não era grave, pois só lhe dava à noite. Quando fechava os olhos no sofá ou na cama. Uma noite daquelas chegou mesmo a sentir Maximina, deitada a seu lado, em camisa de dormir e com as croques amarelas nos pés, a sussurrar-lhe ao ouvido:

"Chega-se a velha e é isto. Olha, a mim é que não se me hão-de secar as partes... Ai... As orações. E tenho dito. Palavra de Maxi."

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vamos lá pôr os pontos nos i's!

Qué pasa, comadres? Eu vou para fora uns dias e quando volto tengo o palacete de pantanas?! Una diz estar grávida quando está na menopausa, otra tiene mau-humor de menstuación ... Por Dios! Ordem no palacete! Nem parecem mujeres vividas e experienciadas, se parecem con adolescentes na puberdade. Verguenza! Não tengo nada contra juvialidade, mas criancices non! Mi hija ocupou-me muitos años de vida, não quero ahora aturar criancices em mujeres de média-idade. Até porque a Tina fez-me um tratamento para esconder as rugas e não puedo tener enervações senão elas vêm outra vez ao de cima. Artista qué es artista tiene de cuidar da sua imagem. AI, comadres, por falar em imagem... Entonces, não ouviram dizer ainda que a hija do meu querido amigo José Malhoa, a Aninhas, vai mostrar os presuntos na Playboy?! Eu não tengo nada contra a Playboy, persupuesto que también queria lá ir mostrar os meus atributos, mas la verdad es que a catraia está um poquito em baixo de forma. Lembram-se daquele programa dos chicos, o Boiréré? Aninhas estaba mui guapa. Mas desde que começou no Cú Duro, no Rega Tóne e nas brincadeiras com jibóias que a Aninhas perdeu. Perdeu a categoria de artista e a forma física. Eu já tinha comentado com o Zé que ele devia dar uns conselhos a su hija. O Zé até me disse: "óh Linda, está descansada, que ela tem mamas. E enquanto ela mostrar as mamas, ninguém repara nas peles!". E eu fiquei-me. Ahora, parece que o Zé tinha razão, porque a filha vai despir-se para uma revista. E ninguém quer ver peles, persupuesto qué deve ser pelas mamas. Aposto que, com as modernices que eles ahora tienen, vão falsificar as fotografias para lhe tirarem as peles. Si, porque Linda de Suzi é informada desses meios e sabe que nos dias de hoje é tudo falso. Não há artista que não leve uma camada de tratamento. Depois aparecem nas revistas todos guapos quando aquilo ao vivo e a cores é uma miséria. Por Dios! Pois quando eu era capa de revista, que fui muitas vezes e vocês sabem, não havia batotices e era tudo verdadeiro. Era o meu material sem tirar ni poner. E olhem que as revistas vendiam como tremoços, verdad? Guardo-as todas lá em casa, um dia levo-as para o palacete para vos mostrar (si, outra vez, que o que é lindo - e Linda - é para se ver). Olhem, levo-as já quando comprar a Playboy da Aninhas. Tengo qué pedir à Dona Fernanda que me guarde uma. No entiendo una cosa: no bairro é tudo gente púdica, mas a revista desaparece num instantinho. Muy estranho, no?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Carta de despedida


Queridas Comadres,

Escrevo-vos esta carta de despedida com o coração apertado e muitas lágrimas nos olhos. Fujo com o nosso Padre, meu Valério, sim é verdade, Santinha só de nome. Perdi os três há algum tempinho, foi o Valério que me seduziu e também me convenceu a manter a postura de virgem, para o bem comum (não percebi, mas respeitei o pedido).

Resolvemos fugir porque digamos que em breve vai ser difícil disfarçar a vinda do nosso menino (ou menina, ainda não sabemos) ao mundo.

Espero que me perdoem amigas, mas prometo que quando tiver oportunidade, faço-vos uma visita.

Não fiquem tristes, sei que foram entrevistadas por uma tal de menina Gosinho e que agora são famosas. Fico muito feliz, vocês merecem!

Um beijo da sempre vossa

Santinha 

O Plano



Maria de Lurdes levantou-se cedo, bebeu um café e foi ao quiosque comprar o jornal e tratar do Euromilhões. Enquanto esperava que o Falcão arrumasse os jornais para o Senhor Doutor e metia dois dedos de conversa com a empregada do autarca, uma eslava com as pernas pouco depiladas, Maria de Lurdes espreitou o expositor das cassetes.
Lá estava ela, de calças e blazer tigresse “Nadie me afrontará “, o maior sucesso do Agosto de 85. Que deslumbrante estava Linda de Suzi! Inebriada com a imagem da sua comadre nem reparou em Falcão, que já tinha aviado os jornais do Senhor Doutor e voltara ao seu estado calhau, de braço esticado, com Euromilhões na mão. Fazia sinais quase imperceptíveis para Maria de Lurdes. Uma coisa de sobrolhos. Ela ainda ponderou perguntar-lhe pela Burda mas acautelou-se, reparou que nesse dia Falcão não estava para brincadeiras. E foi-se embora, a mastigar uma ideia nova que tinha congeminado com as suas comadres.
Um agrado para Maria da Pomba. Segredo.
Tomou conta da parte que lhe fora destinada no sorteio dos papelinhos e foi à papelaria buscar dois rolos de papel de embrulho. Optou por um cor-de-rosa às pintas. Um detalhe que com a sorte das estrelas e a sobreposição dos planetas ia fazer o gosto de Maria da Pomba. Aproveitou e comprou a Burda. E um maço de cigarros estrangeiros. Telefonou a Vanderlei a dizer-lhe que já tinha o papel de embrulho e o caixote do tamanho de um frigorífico, franqueza do Fabião, com três furos no alto, conforme aviso insistente da Maximina, não fosse a coisa correr mal. Vanderlei soltou imensos suspiros, pois adorou o Pink do papel de embrulho. Mas despachou logo Maria de Lurdes porque estava enervadíssimo com a sua parte do plano, tratar do recheio do presente.
Maria de Lurdes também sentiu o nervoso a chegar.
Linda estava cansada por estar a entreter Pomba, já tinha esgotado o reportório das variedades e Maria da Pomba nada de arrebitar, estava vidrada na “Guerra das Estrelas”, só balbuciava alfabeto astral, estranha, tinha mudado. Tudo, desde que fora contagiada para uma nova etapa da vida, depois da entrevista com a menina Gosinho.
Santinha não dava notícias. Tinham combinado que ela e Maximina, depois da missa das quatro, iam pedir emprestada a carrinha a Valério, a sua estimada, e benta, Datsun. E Maria de Lurdes começava a ficar com sede por causa do stress com o plano.
Então, decidiu ir para casa, não fossem as comadres ligar para o fixo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Cueca a Soldo

Milheres adivinhem: o Claudinho vai desenhar cuecas!

Tou que nem posso! Vieram-se-me os calores às frontes que se me derreteu a maquilháge toda até ao umbigo. Porque este jovem, digo-vos, tira-me do sério! Gosto. Não sei que vos diga e sei que já suspeitavam dos meus suspiros enquanto viamos a Tertúlia. Porque ele sabe o que diz. Àquele menino ninguém mete a pata em cima! E isso é de valor.

E tem olho para o negócio. O Calvin não era ninguém até ter pegado no Marky Mark e o pôr de boxer, justiiiiinho, no meio da Grande Maçã que é Nova Iorque - ai milheres, dêem-me ar que só de me lembrar se m'arrepia a espinha e me dá um achaque no peito.

Bom, o claudinho sabe e é com gosto que o vejo a dizer que é fanático pela cueca. Pois que me identifico, porque eu própria, nascida Venderlei, sei a importância dessas peças para o nosso bem-estar. O que eu sofri, ai milheres, quando fiquei sem a minha boxer rosa com um snoope de glitter. Que o glitter dá cor à roupa interior. O Claudinho sabe disso. Ilumina um quarto. Enrubesce um rosto mai novo...

Ai milheres, que já não respiro...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Maria da Pomba, hoje não dá!

Não consigo.

Já tentei, várias vezes, mas o servidor está indolente como eu, talvez um pouco menos, pois ainda me sussurra ao ouvido “o Internet Explorer não consegue mostrar esta página. Tente outra vez.”
Não tento mais nada.
Hoje quero ficar assim. Embriagada com os meus pensamentos, que já é dose.
Tenham paciência e beatitude.

Maria de Lurdes

p.s. e se me tivesses dado ouvidos com a contratação dos gémeos não estavas a padecer das costas nem com o merdelim dos caniches!

Apelo .... à vossa escassa sanidade mental!

Queridas comadres,
Este assunto começa a ganhar em mim, um forte desgaste. Quando herdámos o Palacete, acordámos, que todas se envolveriam na sua recuperação e limpeza. Pois que eu não vejo nada!
Tanta empolgação com o mordomo, e ofertas para conduzir as entrevistas e até agora ... nada, nicles.
A piscina continua imunda, e eu estou saturada de a tentar limpar. Já para não falar do que tenho de aturar à Santnha e à Maximina, que só nesses dias se lembram de passear os cachorros por aquela parte do terreno. Eu a limpar, elas a passarem, e os bichos a cagarem. Benza a Deus!
Depois há a questão premente dos sanitários. Olha, e tu Vandy, não me venhas com a conversa do bucólico, e mais o raio que te leve para Espanha, porque também já não pega. Aquilo não está em condições, caramba. E digo-o eu que passei pelo exército! É altura de darmos inicio à obra, e ISSO envolve mais contratações de homens (Maxi, põe o dedo para baixo, que não tens estaleca para tanta entrevista, filha!). Mas ò Maria de Lurdes homens para T-R-A-B-A-L-H-A-R, não para estarem toda a tarde na jogatana de Gin-Póquer.
A ver se desta nos entendemos!
Linda, agradeço-te que ponhas uma paragem na tor...tur.., olha que ponhas o travão na rambóia dos concertos e bailaricos, e que regresses mas é ao lar para nos ajudares com este assunto.
Já vi hoje, que está escrito nas estrelas, que esta semana os nossos signos não se cruzam, por isso vocês não me façam rodar a baiana e soltar a Pomba Gira, que é coisa para correr mal!
Façam-me o favor de pôr os olhos na latrina, a que vocês chamam de instalações sanitárias, e a apelarem ao pouco juízo que vos resta, minhas amigas, para arregaçarem as mangas e tratarmos desta ... literal trampa.
Fico a aguardar!

Em novos projectos

A entrevista da menina Gosinho, do bulogui Palavras Com Vida, deixara Maria da Pomba emocionada. Emocionada e irrequieta com as borboletas que lhe viviam na barriga, e os pensamentos a fervilharem de iniciativas.
Em abono da verdade, Pomba, encontrava-se em dificuldades. A falsa denúncia às finanças, que a haviam obrigado a um período de forte reclusão, e o descrédito junto dos clientes frequentes, estavam a levar-lhe o negócio, e a roulotte, pelas ruas da amargura, que é como quem diz pelo roteiro “Tascas e Bares de Boa Pinga a baixo custo”, gentilmente oferecido por Maria de Lurdes, uma verdadeira connaisseur, e autora deste que é, até à data, o maior bestseller jamais escrito por uma moradora de Alfama. Proeza que aliás havia rendido à sua amiga, a atribuição, em sessão solene, da medalha “Manjerico de Alfama”, facto que deixara todas as Comadres emocionadas e orgulhosas.
Mas última desgraçeira, ocorrera fazia poucos dias, quando numa incursão aos lugares e espaços desta magnifica obra de detalhe e estilo literário, secção “Recomendados”, viu a sua “Guerra das Estrelas” ser apreendida por gandulos vestidos de verde e chapéu de pala, que lhe colocaram nas rodas umas embaraçosas engenhocas, e a cobriram de faixas amarelas, restos, com toda a certeza, da campanha eleitoral dum tal Emel, à freguesia do Bairro Alto. E não fosse o caso de por ali estar a passar o Mané Torto, filho da Esmeralda da frutaria, rapaz dotado em solucionar problemas com fechaduras, e mais ainda este ter consigo no carro quitado, uma gazua novinha a estrear, e hoje lá continuaria, a ver como é que resolvia aquele berbicaço.
O que interessa é que tenha sido por esta sucessão de acontecimentos cósmicos, ou simplesmente porque as portas da mente lhe haviam dado a conhecer um novo patamar de comunicação dos astros. A verdade é que a entrevista da menina Gosinho a tinha contagiado para uma nova etapa de vida.
Maria da Pomba lançou os dados no portátil e aguardou o print que lhe confirmava as expectativas – Era tempo de mudança. De lançar novos projectos. De dar asas ao amor.Sim, era este o melhor momento para lançar a “Guerra das Estrelas” na arte do sentimento maior, o Amor.
Maria da Pomba sentia a vibração interior que lhe já anteriormente servira de presságio ao sucesso, ao retorno em glória. E ela sabia, e x a c t a m e n t e, qual era a comadre, que começaria a dar forma e corpo ao seu novo projecto profissional.

O miúdo estava possuído por Deus!

Queridinhas: ainda não estou em mim. Estou com uma nervoseira que nem me tenho nas pernas (Estou naquela cadeirinha de balouço que vocês me cobiçam há anos. Porcas cobiçadeiras.). Na Sexta-feira, o meu… Ai… O nosso Valério levou-me à Capital. Disse-me para eu não me ficar num pulguedo, mas que iria por certo assistir, ao fenómeno mais espectacular de que teria memória. Benzi-me três vezes e disse-lhe: “Cruz Credo Valério que me queres dizer com isso? Fenómeno?” Ao que ele me respondeu que tivesse calma nos motores de arranque que logo, logo veria. E riu-se com aquele dente da frente podre que lhe dá aquele ar maroto que vocês tão bem conhecem. Não fosse ele padre, queridinhas e vocês iam-se a ver o tratamento que eu lhe dava. Benzia-o todo, nosso senhor. Ai mas que disparate isto não tem jeito, são pensamentos meus. Adiante queridinhas. Fiquei-me, muito intrigada e um pouco receosa, vocês sabem como me quedo para os medinhos, com aquele mistério do meu… Ai… do nosso Valério. Saímos do táxi apressados que o estúpido do taxista resolveu embirrar por eu me ter descalçado. Chamou-me porca, o estafermo. Se há coisa que não me deixa cheirar mal dos pés são as croques amarelinhas que vocês me deram e que eu nunca mais descalcei de tão cómodas. Portantos, para dar o benefício da dúvida cheguei o pé ao nariz do Valério e perguntei-lhe: Cheira-te? Ao que ele me disse: Cheira-me a rosas Maximina, a rosas! Vai daí proibi-o de dar gorjeta ao marafado do home que só me arreleiou com aquela boca do chulé. Ele mandou-me calçar o que fiz de má vontade que estava num daqueles dias que não podia com os joanetes.

Pedi ao Valério para parar num café para beber um chá de camomélia a ver se me parava a tremedeira e a azia por causa da orelha que tinha comido ao almoço. Parem com as insistências que esta receita levo comigo para a cova. E se é um regalo. Olaré! Ora, assento-me na única mesa vaga e que tinha uma estátua de um sujeitinho todo magro e com bigodinho. O Valério disse-me baixinho: Aí não Maximina. Aí não. Mas eu bem que fingi que não o ouvi que estava que não podia das varizes a latejarem-se-me todas nos presuntos. E ali ao ar livre é que era mesmo a oportunidade para me descalçar mais um becadito. Se bem pensei melhor o fiz e pimbas que me sentei ao lado do home estátua. Descalcei as croques e massajei os pés, ódepois como sou pessoa de muita higiénica saquei daquelas toilhitas (queridinhas 1,59€ apenas no pinguinho. Já vos disse que lá é que a gente faz as nossas comprinhas com tino.) e limpei-as muito bem límpidas (aprendi este termo e acho lindo) para beber o chá de camomélia. Nesta altura o meu…Ai… O nosso Valério estava assim pró afastado a fingir que não me conhecia, mas eu não me moí com isso que eu sei que aquilo é tudo máscaras que ele põe a fingir-se de importante. É aqui que me aparecem uns queridinhos muito divertidos com cães e a fazer malaberismos ou lá o que era. Aquelas coisas que se fazem nos circos com uns pilões grandes e quê. Chega a uma altura, aproximam-se de mim e esticam-me uma boina. O que é que eu pensei: Tu queres ver Maxi que estes miúdos descobriram que tu no fundo, no fundo és danada para a brincadeira? Olha abalei de entusiasmo pus a boina e dancei como as sevilhanas que ando a aprender com o… Ai porra… Dancei ao jeito dos pauliteiros de Miranda. Assim é que foi. Bati palminhas, dei-lhes umas festinhas e devolvi-lhes a boina que cheirava um becadito mal. Até estou ainda com umas coceiritas na mona. Perguntei-lhes se queriam vir comigo e com o Valério e eles atiraram-me com um pilão o que me pareceu simpático que aquilo dá jeito para pôr a arder na lareira. Despedi-me gritando “Xizinhos queridos! Xizinhos!” e lá segui com o Valério.

Entrámos num prédio muito e muito e muito lindo, toda eu era boca aberta a olhar para cima, a olhar para os lados, muito espantada da minha cabeça. O Valério mandou-me sentar e disse-me que nem pensasse em descalçar as sapatas o que na verdade na altura já não me apetecia. Comecei a ficar acagaçada e a apertar o meu tercinho nas mãos, rezando de mim para mim, uma precezinha que eu cá gosto muito. O que é que sucede? Entra-me por ali um maluquinho coitadinho a correr. Olhem, todo carequinha, cara de bebé, e as calcitas coitadito todas descaídas que não fossem as cuequitas e eu conseguiria ver-lhe o mealheiro. E salta-me para a frente. Filhas comecei a ficar logo aqui muito enervada. Saco do leque para arejar as rosetas e olho para o Valério que me pisca o olho. O moço desata-me numa fúria a falar com mais 7 vozes digo-vos eu. Para cima de dez vozes até quem sabe e eu muito aflita, pensei, ‘tadito está possuído e o Valério veio salvá-lo. Quem sabe beatificam o Valério daqui a um bom par de anos? Estava eu nestas reflexões quando o mocito coitadinho me começa a falar com a voz do Simão Sabrosa. Meninas, não me podia ficar. Saltei para a frente dele decidida eu mesma a expulsar do pobre rapaz esse traidor de meia tigela que me deixa o meu Sporting, para passar para o clube do Demo. Meto-lhe a mão na testa e grito indignada: “Ouve lá ó meu granda badameco, ou sais do miúdo ou arranco-te daí à estalada e acabas os teus dias no Freixieiro. Ouvistes traidor de um cabr…” É aqui que a sala antes numa histeria colectiva em que todos se riam muito, cai em si e vê o que lhes estava a acontecer. Estavam também eles, queridinhas, a ser possuídos pelo génio do mal. Que é que a Maxi fez? Deu cabo dos planos de Satã e acabou ali mesmo, só com meia dúzia de berros, com a brincadeira. O Valério que estava meio aparvalhado põe-se a pedir desculpa às pessoas, ainda estou para saber porquê se as salvei do Demo, amuou comigo e diz que não me leva mais a Lisboa. Não sei se salvei o miúdo, vocês vejam lá se ouvem alguma coisa na telefonia sobre isso, ou na televisão. A graça do menino era Luís Franco Bastos, coitadinho. Espero que alguém o ajude com aquele problema. É que se já não é fácil confiar nos homens, imaginem num destes possuído pelo próprio do chifrudo. Olha sabem o que vos digo, hoje todos se zangaram, amanhã ainda vou ser beatificada. Essa é que é essa. Estou aqui toda arreliada porque amanhã é dia de Sevilhanas…Ai…De danças tradicionais portuguesas e não tenho par. Olhem vou até ali chorar um cadichinho que estou por demais emocionada. Porra.

É verdade vocês sabiam que a Aurélia da Loja Chiqué vai comprar os artigos todos ali à Bagatela do Chiado a 1,80 a peça. Ah pois é, a porca, a cobrar-nos os olhos da cara por aquelas porcarias. Não digam que fui eu que vos disse que lhe prometi segredo, e jurei com beijinhos a cruzar os dedos e tudo. Xizinhos queridas. Desculpem lá o desabafo.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Que linsonjeiro

Minhas Comadres, acabo de receber esta açucarada reacção a propósito da nossa entrevista:


"São uma espécie de FamaShow, mas com sensibilidade artística"
Anónimo da Silva, in Email

Ai comadres, estou que nem puedo!

Deixem-me partilhar com vocês, mis queridas, que tentei enfiar-me no fato de banho doirado (aquele que comprei na Redoute o ano passado, lindo de morrer, com umas tiras tigresa atrás) e já lá não caibo. Linda de Suzi está mais gorda! Es la muerte de la artista, por Dios! Queria enfiar-me no vestido à Jessica Rabit que usei no concerto do "Natal dos Hospitais" do ano passado e nem consigo, tal é o medo que tengo de me estar apertado también. Que hacer ahora, comadres? Qual de vós tem o segredo para a dieta ideal? Tengo de estar en forma para el verano. Tengo três actuações e nem pensar que piso um palco más gorda. Nunca! Santinha, querida, tu que fizeste greve de fome daquela vez que protestavas contra la salida do padre para outra paróquia, quantos quilos perdeste? Já estou por tudo! Oh Pomba, e tu não me fazes uma mezinha das tuas? Ou então ajudas-me com os exercícios. Alguma coisa de útil deves ter aprendido na tropa. Ai, Honesto, creio que tu eras la culpada dos meus quilinhos a más Isso de me estares sempre a oferecer aperitivos tem de acabar. Toda a gente sabe que o álcool engorda. Eu nem sei como é que te manténs seca como um bacalhau. Deve ser o tabaco que te chupa, mujer. Maximina, a ti não peço nada que já sei que és contra essas modernices de dietas. Só te digo que qualquer dia ainda faço uma lipoaspiração. Benze-te, benze-te a ver se me ralo! Ai, por Dios, qué desilusión. Ia ter com mi hija quérida à Costa da Caparica e ahora não vou, que tengo verguenza! Fico em casa todo el fim-de-semana, a chupar limões!

terça-feira, 19 de maio de 2009

E o Globo vai para...a TRETA















Amigas,

Também gostei muito da noite dos Globos: emocionei-me com a homenagem (merecida) ao actor António Feio e improvisada pelo surpreendente Nuno Lopes.

E as palavras do realizador Manoel de Oliveira foram uma grande lição de humildade.

Ai meu pai, foi tudo tão bonito. Avisem se houver "repetição", gostava de rever a Gala na vossa companhia, para podermos coscuvilhar à vontade.

Da vossa 
Santinha

Pois claro que fui aos Globos de Ouro!

Tu sabes, Linda, que eu ainda sou uma celebridade. Valha-me isso! Mas a organização da Carnasic está cada vez pior, uma vergonha, imaginem vocês que me puseram numa espécie de galinheiro de primeiro balcão, um lugar muito pouco destacado. Eu, a Valentina e a Margarida Mercês. A Moura Guedes é que não deu a cara, coitadita, anda cheia de fezes. Mas emprestou-me o tal do travestido, lindo!!!! Bom, custou-me um bocado, tive que ir ver de uma cinta completa para me enfiar lá dentro, e respirava aos bocadinhos, e quando fui fazer xixi vi-me em apuros ........ o que vale é que encontrei a Bárbara nos lavabos e lá nos auxiliámos mutuamente. Aqui entre nós, aquele avião também levava uma cinta completa, não sei como é que o Carrilho (Linda, faz atenção ao nome) com aquela carinha de apito a consegue descascar ..... Mas é muito simpática e educada, começa sempre uma frase repetindo a última coisa que nós dizemos, às tantas baralhou-se um pouco comigo, pois eu estava um tanto ou quanto repetitiva. Agora, com o Palma safou-se airosamente, também, ele não dá tanta luta como eu, ainda é frangote.
Mas estou sentida! Imaginem só que nem me convidaram para o beberete depois dos óscares. Foram todos comer percebes e beber Moêt para aqueles estabelecimentos começados por Kappa e nós ficámos a ver passar navios … mas fui com a Valentina comer um cachorrão e beber uma bejeca à roulotte, que não somos de nos ficar!

Parabéns comadre Honesto.

Toma lá esta prendinha que comprei para ti, querida. É pouquito, mas vem do corazón. Já te ouvia queixares-te que tinhas de comprar uma coisinha destas para levares a bebida na mala e cá está ela. A caveira é ousada, mas até acho que és mulher para gostar. Qué tal?

Parabéns!


Um beijinho da Santinha que te deseja muita poesia.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sempre fresca!

Parabéns Maria de Lurdes!
Ai filha, os anos por ti parece que nem passam. Estás igualzinha ao dia em que te conheci. Não sei se é dos Favaios ou coisa de genes, mas estás pra aí mais enxuta que muita jovenzinha.
Olha filha, bem sei que não tenho a mão das comadres para a culinária, mas não podia deixar passar o dia sem te oferecer o tradicional bolinho.
Por favor telefona às restantes, que eu não tenho dinheiro no telemóvel, e diz-lhes para cá virem comer uma fatia, que o Porto ofereço eu.
Beijinhos,
Maria da Pomba

Bárbara estaba muy guapa!

Comadres, qué desilusión. Esperei-vos ontem no palacete, para assistirmos à gala dos Globos de Ouro na SIC e vocês faltaram! No puede! Eu, que nem sou muito prendada na cozinha, até fiz um bolinho de iogurte para acompanhar o chá e as maledicências. E teria sido tão bom, nós a bebericar o cházinho de tília e a comentar as vestimentas das pindéricas dos globos. Mas acabei no palacete sola, es imperdonable. Aposto que a Maximina e a Santinha ficaram a ver o Goucha e a Júlia com los chicos a cantarem, persupuesto! Vocês sabem qué a mi también me gusta ver a pequenada cantar, mas os globos de ouro solo se vivem una vez. Es una vez por ano, por Dios. E tu, Maria da Pomba, lá porque aparecia a Maya na cerimónia não precisavas fazer birra e deixar de ver. Se te serve de consolo, a coitada até nem estava nada de mais. Um vestidito muy simples do Augustus, com um decote demasiado pequeno para mostrar las tetas nuevas. A Vanderlei, essa, já sabia que não ia aparecer. Desde que anda metida no romance secreto, tem programa marcado para todos os domingos à noite. E eu até nem acho mal, só me custa ela não contar às comadres quem é o pedaço de mau caminho. Mas eu não me chame Linda de Suzi se não descubro. Ouviste, Vandi? Sou bem capaz de me pôr no teu encalço um domingo destes, põe-te a pau! De todas vocês, comadres do demónio, a ausência que mais me surpreendeu foi a da Maria de Lurdes. Oh, comadre, é sabido que tu adoras a cerimónia, nas 13 que já foram nunca perdeste uma, o que é que te aconteceu este ano? Olha, andava por lá aquele rapaz que tu gostas tanto e que ia muito à rádio, o Jorge Palma. Para mim, vocês sabem, ele é um artista de meia-tigela. Onde é que já se viu entrar num palco com os copos?! No meu tempo, pisar um palco era uma benção, uma sorte que poucos tinham e que se estimava muito. Eu benzia-me sempre antes de entrar, como os jogadores fazem no futebol, igualzinho. Agora, enfrascar-me ou drogar-me ou sei lá o que mais é que os artistas fazem agora, isso nunca! Blasfémia! O que esse Jorge merecia era umas boas palmadas. Coitadinha da Bárbara, vocês haviam de ver a enrrascação da mulher para segurar a franga ao homem. Mas saiu-se muy bien, pois qué estaba muy guapa. Dos vestidos que os estilitas lhe fizeram eu gostei mais do último. Era um que tinha rosas pregadas na saia. Un espanto! E o marido dela, aquele senhor jeitoso, ai, como é que é o nome dele? É Carrinho, não é Maria de Lurdes?! Bien, no me recuerdo, mas o homem estaba mirando da plateia babadinho, babadinho. Ah, e o senhor que vendia telemóveis antigamente e que agora canta, o Paulo Potes?! Cantou que se desunhou. Um vozeirão. Madre, que se me arrepiaram os cabelinhos todos. Por um pouco não me engasguei com o bolo de iogurte enquanto cantava com ele. Já agora, tenho a dizer-vos, comadres, que se me quiserem oferecer o CD do senhor pelos anos eu ia estimar muito. Até nem precisa ser pelos anos, que ainda falta muito. Pode muito bem ser uma prenda de consolação por me terem abandonado em noite de óscares portugueses. Essa vai ficar atravessada!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A vingança é um prato que se come à moda da Pomba

Com a "Guerra das Estrelas" resgatada, e o Cotovia assegurado como cliente de futuro, era chegada à hora de pôr em marcha o plano de vingança contra a porca, badameca e ingrata da ….. Pomba parou, inspirou fundo e por um brevíssimo momento pensou na sua amiga Maximina e na bruxa da Maya, concluíndo:
- Carago, se eu fosse mamalhuda e bruxa, hoje não havia quem me segurasse!

A Cotovia traz boas novas!

Toca o telefone.
Sozinha no palacete, Pomba esforça-se por lhe chegar a tempo.
Estou sim, diz em guincho, enquanto a chinela do pé esquerdo se enrola no tapete persa da entrada, os joelhos flectem, e em modo de voo, estatela-se no piso térreo com grande alarido.
- Estou?... estou? ... estou? - vai repetindo, em tom crescente, a voz grossa do outro lado da linha.
Pomba recompõe-se com urgência e repete um - Estou sim? - carregado de dignidade.
- Estou a falar com a Dona Maria da Pomba?
- Sim – responde Pomba embevecida pela interrogação masculina.
- Daqui Inspector Cotovia.
- Desculpe?! – replica Pomba
- Cotovia … das Finanças.
- Ahhh!! – Exclama sem vigor Maria da Pomba, novamente desanimada com o rumo da sua vida.
- Estou a contactá-la porque temos novidades sobre o seu processo.
- Ai sim! – Pomba sente as pernas novamente fracas – e então?
- Uma maldade!
- Desculpe?!
- Foi o que lhe fizeram! Uma vergonha. Pura maldade. Não encontrámos nada! Isto há gente para tudo. Tomara nós aqui no serviço encontrarmos mais cidadãos como a seu dona Maria da Pomba. Tem um registo que é um brinquinho! Digo-lho eu, sim porque em 25 anos de serviço nunca tinha visto uma coisa assim. Que maravilha!
Pomba sentiu-se a rejuvenescer. O espírito ganhava novo alento. A sua “Guerra das Estrelas” estava de regresso.
- Então e agora? – perguntou sem esconder a alegria que assaltava o espírito e lhe tornava a voz mais gaiata.
- Agora pode regressar ao trabalho – respondeu de pronto o Cotovia – só tem de passar aqui pelo serviço, para assinar uns papéis e eu lhe devolver as chaves. E pronto. É só.
- Ainda bem. Estou vou já pra aí !– cantarolou Pomba.
- Cá a espero – retorquiu Cotovia em idêntico tom de alegria.
- Então até já!
- Err … seu Dona Pomba.- Sim, Inspector Cotovia?
Pequeno silêncio.
- Sabe ... errr ... queria perguntar-lhe ... Pronto, queria perguntar-lhe quanto é que a seu dona Pomba leva por consulta? É que sabe, ando cá com uma rapariga fisgada. A Maria Ermelinda da farmácia ali do Bairro de Jesus, está a ver, aquele que fica ali entre ……
(entra som de faduncho para terminar a cena)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Liquidação total em todos os bibilotes!

Nos últimos dias, poucos eram os momentos de alegria na vida de Maria da Pomba.
Foi por isso com algum êxtase, e uma leve taquicardia, que hoje à tarde, ao passar pelo mini mercado da Felismina e do Eliberto, se deparou com as mais bonitas palavras que seus olhos avistaram nos ultimos tempos "Só hoje - Liquidação total em todos os bibilotes!".
Resoluta entrou e duma assentada, comprou três novos ornamentos para o salão do Palacete.

Encontro de Comadres

parece-me apropriado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Dúvida

Vocês também acham estúpido isto de eu ser a única seguidora do nosso próprio blog?

Quem vê faces, não vê corações!

Bêbada*?
Ai já se diz tudo aos amigos?
Maria da Pomba! Quem te viu e quem te vê! Agora que estás no Faciesbook tens a mania que só te dás com gente 2.0, julgas-te superior?
Vocês vão ver o que são maus fígados. Ai se vão.
São muito importantes, convidei-as para um petisco na tasca do Manel, nem se deram ao trabalho de responder (excepto a lampeira da Maxi, que também não é de fiar). Mas não, agora só querem ir para as redes sociais, passam o dia naquilo (bruxas!).
A Maria da Pomba já se sabe, à conta das suas previsões estrelares já tem uns duzentos e cinquenta amigos no Facies. Cá para mim ainda aceitou como amigo o tal inspector da DGCI que a pôs em trabalhos. Isso não viu ela nas estrelas, ah pois não. A Maximina outra tal. Aquela língua afiada não trabalha sem matéria. Sugou a sabedoria em redes de Vanderlei e já deglutiu todos os podres do Jet 2.0. Eu até acho que aquela cusca tem uma avença com o Sapo, e que é ela que inventa aquelas sandices do portal fama. Ora, quem é que pode acreditar que a D. Filipa de Lencastre posou para a FHM? Sinceramente. E não quero ser intriguista, que já temos que baste, mas aposto que a espanholita também passa os dias no Facies. Ou no Twitter, following Nel Monteiro e toda a comunidade Pimba. E a dar autógrafos com assinatura digital. Ai, dios mio, que diria Consuelo se fosse viva. De Vanderlei nem falo. Aquilo é um entra-e-sai nas redes. Além disso mete-se em coisas estranhas e arrasta as outras. Vocês não acham estranho que a Vanderlei, tal qual a Laurinda Alves, se tenha afeiçoado a um boneco diferenciado, por ser de cor, e dormir com a Luciana Abreu. E fundou um clube de fãs do dito Nenuco?
É muito estranho.
E eu, sinto-me discriminada e triste (e roída de inveja).
Agora, velhacaria mesmo, assim de amizade, foi o que a Santinha me fez.
Perguntei-lhe,
- Santinha, filha, vamos passar uns tempos juntas. Topas uma romaria até Fátima?
- Ai, Maria de Lurdes, este ano não vou. Sabes, vou seguir o 13 de Maio pelo Twitter
Nem quis ouvir mais, foi uma machadada no coração. Pela primeira vez que decido ir a Fátima (já tinha pensado em tudo, inclusive, um espumante no ‘Pedro dos Leitões’ e um giro até aos ‘Três Pinheiros’), predisposta a palmilhar meia auto-estrada, em fazer promessa para deixar o álcool (será que fiz confusão, ou diz que a cannabis vai ser legalizada?!), aquela santa do pau oco deixa-me pendurada! Olhem, mulheres, se eu tivesse aqui um daqueles bonecos do Vudu, agora, picava-vos as bundas. Que é para verem o que dói. Ser preterida por essa gente 2.0. Logo eu, uma locutora de continuidade.
Moderna, vê-se logo.

Passem bem!

(Limpo uma lágrima, que me escorre em câmara lenta, e pára quando dão anúncios na tv)

* ou eu estou com os copos, ou tinha ideia de ter lido "bêbada" onde agora se lê "sacana" :))

Gurosan, o melhor parceiro da manhã seguinte

Pomba levanta-se com esforço. O quarto parece ter ganho vida, e o mobiliário insiste em mudar de sítio a uma velocidade impossivel de acompanhar. A cabeça, essa, parece estar inchada como o soalho do alpendre do palacete quando chove sem parar.
Com ajuda do tacto prossegue para a casa de banho, tentando a todo custo evitar o raio da dança das mobilias. Em glória, alcança o lavatório, onde se agarra com firmeza. Olha-se ao espelho, e por momentos está certa que reencarnou o falecido pai. Volta a fechar os olhos, e recorrendo uma vez mais à preciosa ajuda das mãos, abre o armário, estilo Luís XV, onde guarda as mézinhas e as drogas facilitadoras do bom humor. Em modo de apalpação procura o fasquinho milagroso. Perante o insucesso, acede e abre os olhos para assegurar uma melhor busca. Os poros começam a dilatar, o suor emana-lhe das entranhas e um estranho cheiro de licor empesta a casa de banho. Sente o pânico a surgir. Tenta salivar mas a boca sabe a palha. À cabeça regressam as palpitações, ao mesmo tempo que a informação ganha solidez.
- FODA-SE! - grita Maria da Pomba, indiferente ao latejar no interior - emprestei a última embalagem de Gurosan à sacana da Maria de Lurdes!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pomba amargurada

Maria da Pomba sente-se derrotada. A vida nos últimos tempos não tem sido fácil. Uma denúncia anónima pôs o nome do seu negócio a correr no sistema da DGCI. Surgiram “irregularidades” assegurou-lhe o inspector das finanças, ao encerrar-lhe as portas do ofício por tempo indeterminado, o mesmo tempo que leva a “instruir o processo”, acrescentou o homem já de costas voltadas. Como é que isto podia ter acontecido?! Logo a ela, uma fiel cumpridora das suas obrigações legais e tributárias. Ela, alferes jubilada do exército. Isto, dizia para si mesma, só pode ter sido obra daquela invejosa, ranhosa, porca …
- O do costume seu dona Pomba?
A pergunta do Manel da taberna, afastou-a por momentos, do chorrilho de impropérios que lhe assolavam a alma e o raciocínio.Fez um esgar de dor e desdém, e com um gesto de mão apontou-lhe para a garrafa de Licor Beirão, arrumada na prateleira imediatamente por cima da máquina de café.
- Com duas pedras de gelo. Num copo balão. Lá para fora, para a esplanada – acrescentou-lhe dirigindo-se para a porta.
Arrastou-se até à mesa, onde repousou com excessivo desânimo os despojos do seu sonho sobre rodas. Sempre tinha tido queda para o melodrama, e situações de stress aguçavam-lhe os tiques teatrais. Não bastando esta confusão havia ainda a questão das amigas. As comadres. Desde a maldita hora que colocou anúncio para contratar um mordomo, que não as aguentava. Começou logo pela Linda, a menosprezar as questões dos astros, levando as outras pelo caminho da tentação carnal. Depois o tipo é gémeos, com ascendente de Touro, e estamos todas tramadas. Mas isso elas não querem saber, nã, o importante para elas é assegurar que o homem seja isto e aquilo, e que vista aqueloutro, e que faça ginástica e mais não sei quê. Com isso é que elas se ralam, a Pomba que se preocupe com a piscina!
- Ò Manuel traz mais outro. Bem servido! – gritou entre pensamentos.
Quer se dizer, tinha ela alvitrado a hipótese de se contratar alguém que a ajudasse na limpeza geral e a não ter de aturar as confusões da Maximina e da Santinha, e agora era o que se via. Todas malucas e incontroladas! Até a Maria de Lurdes, sim a Maria de Lurdes uma mulher dum certo estatuto social, estrela de TV, e a preocupação dela era que a criatura fosse um interno. Um interno, por Deus! E a Vanderlei, até a Vanderlei, parecia esquecida do seu Pipo, por conta do raio do mordomo.
Maria da Pomba sentia-se derrotada. Não esperava esta atitude das suas amigas.
Mas o cúmulo dera-se na semana passada quando a Maximina tinha tido a audácia, sim, a vergonhosa audácia de a comparar à Maya. À MAYA!!!!!! Logo essa remelosa da cartomancia e das operações às mamas. Maria da Pomba sabia que já não era um avião, mas o seu par de, ainda, viçosas mamas não era fruto de nenhuma intervenção plástica. Era tudo dela, tudo, mas mesmo tudo.
E a última! Não sabia o que pensar da última novidade. A novidade da Santinha. Já não bastava o sonho erótico, partilhado em escandalosos detalhes num jantar regado a sangria de ananás, modernices da Vanderlei, agora tinha vindo com a tara do casório. Apre!
Bebeu dum trago o licor fresquinho, que repousava sereno sobre a mesa da esplanada e aproveitando uma fugaz aparição do Manuel no exterior, gritou-lhe:
- Ò rapaz, traz-me a garrafa e o balde de gelo, que está escrito nas estrelas que a minha estada hoje na esplanada, vai ser longa!
Manuel olhou para o céu azul, onde o sol espreguiçava os primeiros raios da tarde, e questionou-se sobre as faculdades da seu dona Pomba. Chegou inclusive a hesitar, preparando-se para a interpelar, mas ao voltar-se, viu-lhe a enorme sombra, balanceando-se ao som duma música inaudível, e achou por bem, deixar a conversa para outro dia.

domingo, 10 de maio de 2009

Quem quer casar com a Santinha?


Comadres,

Ando muito preocupada com o tempo. Ultimamente tem chovido muito lá fora e também cá dentro. Pergunto-me vezes sem conta se ainda vou casar e ter filhos ou se vou ficar sozinha para o resto da vida. Não me levem a mal, estimo muito a vossa amizade comadres, não sei o que seria de mim sem as nossas fofocas, mas a amizade é a amizade e o amor é o amor. E eu cá espero sentada pelo meu grande amor mas a verdade é que ele tarda em aparecer. Já sou quarentona, enxuta bem sei, mas quem quer casar com a Santinha?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pecado disfarçado de sonho


Comadres,

Desde que falámos na possibilidade de contratar um mordomo que não consigo dormir descansada. Todas as noites o pecado disfarçado de sonho vem-me tentar. Estou no meio do jardim de camisa de noite branca, ajoelhada a olhar para o céu estrelado quando, por detrás de uma árvore, surge um homem com o corpo musculado, bem bronzeado e sem cabeça. Aproxima-se de mim muito devagarinho como se caminhasse no espaço e começa a tocar-me insistentemente. Tento escapar às suas mãos atrevidas e apesar de o grito sair da minha boca não tem som. O homem sem cabeça e de mãos habilidosas rasga-me, num só gesto decidido, a camisa de noite e força-me a deitar-me na relva molhada. Todos estes movimentos acontecem em câmara lenta e apesar da minha resistência não consigo evitar que o seu corpo se posicione sobre o meu. É então que…acordo, banhada em suor.

Alguma das comadres sabe interpretar este sonho?

terça-feira, 5 de maio de 2009

FEIRA DO LIVRO 2009

Filhas ontem meti-me na carreira e fui até à Feira do Livro. Ai que aquilo está um primor, nem vos digo, nem vos conto. Benzi-me três vezes para atravessar o parque que está cheio de filhas do demo - daquelas que nos arrebanham os homes e os levam pelos caminhos da perdição, coitadinhos que eu aposto que eles nem querem e resistem muito, muito, mas depois aquilo é uma gente com voz de sereia e põem-se com aqueles chamamentos, e eles ‘taditos caem encantados. As carnes são fracas e elas fazem-lhes aquelas badalhoquices que nós cruz, credo, nem sabemos o que são. (Quem lá vai muito é o Inácio, mas não digam que vos contei por favor, que se a Isaura suspeita que vos disse que ela se chibou, ainda termina a nossa longa e bonita amizade. E olhem que já vem desde os tempos em que ela fez aquela operação para aumentar os peitos. Ai porra isto também não é para contar queridas. Bom, mas como eu dizia as barraquitas estão muito lindas, muito coloridas e têm estores e tudo que um senhor, numa delas, me disse exactamente com estas palavras “Isto este ano é uma alegria, é só abrir e fechar.” E eu pensei cá para comigo “Olha que bom para vocês.” De modos que comprei quatro livros: um de receitas vegetarianas; um com as previsões para o meu signo até 2025; um de posições sexuálitas - É assim que se diz queridas? Nem sei bem. - Só para ter uma noção do que os pecadores fazem, ou como poderia eu criticar sem ter conhecimento de como é que essas porcarias se processam (com o livro ofereciam um massajador facial. Ainda não percebi como funciona, mas tem bom aspecto.) e comprei ainda um “O caminho para a tua felicidade.” Ora eu já sei qual é o caminho para a minha felicidade, é o caminho que me leva ao confessionário do meu. Ai… Do nosso Padre Valério e no qual me purifico, todo o santo dia. Amén. Em todo o caso quis ver o que se recomenda às outras pessoas, quem sabe não posso vir a ser uma conselheira no nosso bairro. Tenho muito tempo em mãos sabem e não quero ser daquelas que sem nada para fazer, só sabem falar da vida alheia e fazer intrigas. Deus me livre que eu cá só me meto na minha vidinha. É, porém, uma vidinha simples e às vezes sinto que há “algo” mais além disto. Entendem-me queridas? Vocês não acham que há “algo” além disto? Na Fátima no outro dia de manhã diziam isso: ALGO. E eu fiquei logo toda cismada. E pensei: Maximina hás-de fazer da tua vida o caminho do bem ao próximo, porque há ALGO que te anda a escapar.

Também comi por lá uma fartura mas estava um ‘cadito oleosa. E depois sentei-me à sombrinha a arrotar de azia, por causa da fartura e descalcei as croques para arejar os pés. Cheiravam mal por causa da viagem e uns miúdos atiraram-me outra vez com pedras, enquanto me chamavam bruxa. Chorei e disse-lhes: “Ouçam lá ó pirralhos do caralh… Vocês não vêem que eu também tenho sentimentos. Vão-se fod… Ó badamecos de merd…”. Passa uma senhora com uma criança a quem tapa os ouvidos para ela não ouvir o que os meninos maus me tinham dito. E então eu disse-lhe: ‘tás a ver menina – isto já no caminho do bem ao próximo. Quis logo ensinar alguém ALGO útil e comecei por aquela menina linda moreninha e amandei-lhe com este ensinamento: “Aprende que não se deve ser como estes putos do caralh… Fod… Ouvistes?” E a mãe acelerou o passo horrorizada, porque os miúdos lá ao longe corriam com ar demoníaco.

Tenho saudades vossas queridas. Quando nos encontramos? Levava os livros para vos mostrar, especialmente o das badalhoquices, dizíamos “blergh” em coro enquanto rezávamos uns terços e depois a Suzi cantava umas músicas, a Lourdes fazia de conta que nos contava as notícias da actualidade – mas só coisas giras e emocionantes, tipo doenças e assim. – a Santinha contava-nos do retiro por onde andou e a Pomba deitava-nos as cartas a ver se isto está em vias de arribar. Vanderlei, tu eras menina para trazer o kit de esteticista e cuidavas da nossa bileza. Que acham? Até já que vou ali tratar da horta. Um xizinho daqueles queridas. Maxi.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Éleméte

Ai milheres, tou que não posso, que nem me aguento. Até já pus o Arnaldo à procura do meu agrafador debaixo da secretária a ver s'manimava e nada. Pus-me a experimentar uma laca nova e agora com esta chuvinha pareço uma esfregona, mas sem o corpo de top model. Este tempo está que não se pode, valha-me a verdade, qu'uma pessoa nem sabe o que vestir. Já tenho uma espondilite nos joelhos de subir e descer do escadote no põe-roupa-de-primavera-ora-volta-à-do-Inverno! E depois uma pessoa esquece-se. Eu esqueci-me da sombrinha. Bem que rebusquei no meu saco das compras, aquele com rodinhas mas que eu levo para todo o lado porque é igualinho ao das estrelas, parece bárbéri, com quadradinhos e tudo, e eu sinto-me uma diva a caminhar de aeroporto em aeroporto qual hipopótamo de nenúfar em nenúfar, cada vez que desço o Beco das Pichas Moles ali no Bairro Alto. Mas vá, andava eu por aquelas bandas que me cai uma carga de água, que eu juro, até ouvi os peixes a ficar sem ar! E ali não há sítio onde uma milher s'abrigar. Ainda vi um tasco cheio de senhores bem apessoados, mas que não deviam ver bem, porque nenhum me ajudou - e desde que ando nas hormonas o buço já quase que não se nota. Foi então que me lembrei, que num rasgo de loucura, troquei o meu querido éleméte, companheiro de tantos anos de luta, amigo das horas difíceis, por uma laca da L'Oreal, só porque a bruxa da Adosinda que convenceu que era más barato.

Pensei para mim mesma, Vanderlei, tu mereces. Quem troca assim o élméte por uma latinha qualquer, merece ter os chávôs colados à fronha e a cheirar a mijo de gato. Mas, amigas, estou desolada.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Pois que voltei, minhas adoradas! Ai milheres e ia-se-me dando uma coisa quando vi, com estes olhos amendoados que são a perdição de muito marinheiro, que iamos ter um mordomo! Um mordomo! Ah, o que eu quis ter um mordomo! Mas assim em bom. Nada de um Ambrósio já no Outono da vida. Não. Eu quero um mordomo, assim para o James Bond meets aquele rapazinho que deu a volta à Samantha do Sexo na Citi. Eu quero um, eu quero um, olhem, que me leve o piqueno almoço ao leito, com rosas e sumo e fruta. Muita fruta qu'a fruta sabe melhor pela manhã. Ai milheres pensem na Adosinda da mercearia a olhar para o nosso mordomo e a pensar que tem o Felismino lá em casa à espera dela. Vai-se-le dar uma coisa, que aquela milher é dada à inveja que só ela.

Ai, e o nosso mordomo tem de fazer ginástica. Mas à nossa frente. Nada de ginásios cheios de galdérias vestidas de lica e sepondexe. Assim, à nossa frente, enquanto vemos a novela. Assim, regalávamos uma vista com o Mário Garcia enquanto contávamos os agachamentos do mordomo com a outra.

Beijas para todas,

V

Lombos de pescada com gambas e bechamel

Comadres já sabem esta receita? É muito prática e sofisticada. Faz-se rapidamente. É coisa para “Dificuldade” = 2 colherzinhas de pau e “Tempo de preparação” = 30 minutinhos (no máximo) sem contar com o tempo de preparação (que são aí mais 30 minutos com o forno a 200 graus).

Venho pior que estragada ensinar-vos esta receita, vocês sabem lá o que me sucedeu. Fui ao talho, estava lá o Quim da Marcenaria e eu cá não sou de intrigas, mas bêbado que nem um cacho. Diz que lá foi comprar umas hamburgas à mulher que ‘tadita tem estado de cama, com uma virose. Ora, sei eu bem o que ela tem, ela já não pode aturar mais aquele homem sempre com aquele bafo de uva fermentada, e depois diz que se sente mal e tem umas febres, quando o que ela quer é ver se ele lhe deixa a labita. E então, lá estava ele para comprar as hamburgas, com a senha anterior à minha, porque correu o desgraçado quando me viu a aproximar da porta. Já não sabem ser cavalheiros. Passa aí um minuto e ele deslarga-se a primeira vez. O Tó do Talho coitadinho que desde que levou o coice do cavalo do Zé Tolas (a quem não fala desde essa altura, o que cá para nós o cavalo foi só um pretexto, já desde a escola que eles não se engoliam), não tem olfacto mas eu tenho-o e dos apuradinhos e era um pivete que não se podia estar dentro daquele talho. Ora, o que é que eu faço para ver se ele se toca, amando-me com esta: “Ó Tó tens de desentupir a fossa que está aqui um pi que não se pode”. O Quim ri-se e finge que não é nada com ele e continua no registo das serenas (que como sabem são aquelas bufas muito mal cheirosas, que saem de fininho sem ruído). Eu não desisto e volto à carga: “Ó Quim não lhe cheira aqui mesmo mal? Quase que parece que algum de nós se deslargou!” O Quim vira-se e diz-me, vocês vejam a lata do homem: “Na volta foste tu Maximina, toda a gente sabe que sofres daquela doença do cólon irritável ou lá o que é”. Fui-me aos arames, dei-lhe um encontrão ao passar por ele, disse um adeus rápido ao Tó que já não podia com o cheiro e vim-me embora, razão pela qual, em vez de fazer a língua de vaca, que vos ensinarei noutro dia, resolvi descongelar os medalhões de maruca que tinha no Frederico. É que nem me apetece falar de tão arreliada que fiquei. Por isso deixo-vos apenas com a receita comadres, está bem? Conversamos mais noutro dia. É que já estou atrasada porra. Vem cá almoçar a neta da minha irmã e eu quero que isto fique mesmo bom, para ela não ir depois dizer avó (que toda a vida teve inveja de mim. Toda a vida. Ai o que eu sofro com isso.) que a tia-avó não sabe cozinhar. Sei cozinhar muito bem e é como vos digo: prático e requintado. Mas não o aprendi no findo programa do Sebastião (Ai Nelinho Goucha as saudades que tenho tuas na fase pré Teresa Guilherme. Ela deu cabo da tua pureza Gouchinha…) aprendi-o pela Sofia Antunes que por sua vez aprendeu com a sobrinha que veio da Madeira dar aulas para o Continente. E então é assim:

- Descongelam os medalhões
- Colocam-nos num tabuleiro com cebola picada e azeite
- Temperam-nos com pimenta, noz moscada e sal
- Regam com molho bechamel Pingo Doce que é muito bom. (2 pacotes)
- Colocam gambas congeladas (que dão menos trabalho) ou compram-nas já cozidas adivinhem onde? Todas juntas: NO PINGO DOCE.
- Levam ao forno a gratinar.

Acompanham com legumes cozidos, se eu quisesse agora ser brejeira dizia-vos grelos, mas vocês sabem como eu me pauto pela discrição e pelo humor subtil. Ai se pauto. E também com um arrozinho branco.

Olaré depois digam lá se não fica do melhor.

Bons cozinhados!

(Num belo cozinhado meteu-se a Tareca, a gata da Ermelinda que viu o que eu também vi, ai se ela falasse…)

Xizinho grande a todas.

Maxi.

terça-feira, 28 de abril de 2009

E gémeos?

Ai Comadres que esta coisa do novo mordomo ocupa-me a mente por demais.

Estava a pensar que o homem devia ser um interno. E fica tão bem dizer, temos lá em casa um interno! Arranjamos-lhe um quartinho jeitoso nos fundos do palacete e temo-lo de manhã, à tarde e à noite. É que dá muito jeito, falo por mim, não dispenso que me sirvam um chá à noite e um whisky ao serão. Agora deixem-me que vos diga, a coisa não está nada fácil, é uma dificuldade encontrar um nativo escorpião!!! Ó Comadre Pomba, não serve um touro ou até mesmo uns gémeos? outro dia apareceu cá um jovem asiático que me disse ser macaco. Era um figurão, um Jackie Chan. Mas logo por azar era do Zodíaco chinês. Tive que o recusar. Olhem, já não sei o que faça?! ainda temos o problema do Ulisses, raio do canino, embirra com tudo o que é gémeos e glúteos. Pois tem mordido nos rapazes! faz-se de sonso, gane um bocadinho e assim que um candidato se baixa para lhe afagar as pintas, pimba! E eu sou tão distraída, só agora reparei que o bicho também tem os dentes doirados ....

Comadrio, temos que nos reunir para tratar desta pendência do mordomo. Entretanto vou costurando a farda para o rapaz, ui, que linda! Um modelito grego para o Verão e um conjunto escocês para o Inverno. Suzi, querida, havias de me ajudar com tu gusto. Estou um pouco sem ideias e o Vanderlei não me tem ajudado, na volta marchou-se a Madrid (agora que a dona Léti anda ocupada com a dona Bruni, e o Felipinho mais solo). Também não tenho visto a Pomba, diz que foi à Pampilhosa visitar o Doutor Raposo. A Santinha acha os meus modelos ousados e a Maxi põe defeitos em tudo. Ai, ai.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Precisa-se de Mordomo!

Palacete localizado em Bucelas, e gerido por senhoras de respeitável reputação procura jovem viril para trabalhos esforçados na cozinha, jardim e piscina da propriedade.
Dá-se preferência a candidatos sem vida familiar organizada, de mente aberta e disponiveis para horários flexiveis.
É igualmente factor preferencial serem do signo Escorpião (fogosos, credo!) com ascendente Sagitário (que combinação!), que saibam rezar/cantar o Avé Maria, tenham conhecimentos profundos sobre a família real espanhola, saibam encarnar personagens, e exímios conhecedores dos programas da RTP Memória.
Factor de exclusão: ter medo de cães.
Oferece-se experiências de vida e um salário acima da média.
Para mais informações ou submeter curricula utilizar a caixa de comentários adjacente.
Cumprimentos,

O que se vai ouvindo no Palácio

Comadres,
Finalmente descobri o albúm do tal do Rodrigo Leão, que traz na capa a nossa bonita mobília da entrada. Só é pena terem cortado da foto o Ulisses. Logo quando eu lhe tinha limpo com esmero as unhas doiradas.
Eu bem vos digo que está escrito nas estrelas que o nosso palácio um dia ainda vai ser muito conhecido!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Trago Fátima no coração


Amigas, venho outra. Cheia de luz e totalmente purificada de Fátima. Com a alma tão leve que nem a sinto. O corpo é que vem tão dorido, o autocarro deu-me cabo das costas. Para evitar as más-línguas esclareço já que o dinheirinho para esta viagem espiritual veio directamente das minhas poupanças: tenho andado a poupar, tostão a tostão, há tanto tempo que já nem me lembro desde quando. Este périplo a Fátima era um sonho antigo e também uma promessa que acabei de cumprir, graças a Deus. É por isso que venho aliviada, sinto-me uma pena a voar ao sabor do vento. Já sei, já sei, lá estou eu a escorregar para a poesia, mas é mais forte do que eu. O que eu sei é que estava com muitas saudades da nossa terra e sobretudo das comadres.

Então, e há novidades por aqui?

Ai meu pai que não posso com as costas.