quinta-feira, 30 de abril de 2009

Éleméte

Ai milheres, tou que não posso, que nem me aguento. Até já pus o Arnaldo à procura do meu agrafador debaixo da secretária a ver s'manimava e nada. Pus-me a experimentar uma laca nova e agora com esta chuvinha pareço uma esfregona, mas sem o corpo de top model. Este tempo está que não se pode, valha-me a verdade, qu'uma pessoa nem sabe o que vestir. Já tenho uma espondilite nos joelhos de subir e descer do escadote no põe-roupa-de-primavera-ora-volta-à-do-Inverno! E depois uma pessoa esquece-se. Eu esqueci-me da sombrinha. Bem que rebusquei no meu saco das compras, aquele com rodinhas mas que eu levo para todo o lado porque é igualinho ao das estrelas, parece bárbéri, com quadradinhos e tudo, e eu sinto-me uma diva a caminhar de aeroporto em aeroporto qual hipopótamo de nenúfar em nenúfar, cada vez que desço o Beco das Pichas Moles ali no Bairro Alto. Mas vá, andava eu por aquelas bandas que me cai uma carga de água, que eu juro, até ouvi os peixes a ficar sem ar! E ali não há sítio onde uma milher s'abrigar. Ainda vi um tasco cheio de senhores bem apessoados, mas que não deviam ver bem, porque nenhum me ajudou - e desde que ando nas hormonas o buço já quase que não se nota. Foi então que me lembrei, que num rasgo de loucura, troquei o meu querido éleméte, companheiro de tantos anos de luta, amigo das horas difíceis, por uma laca da L'Oreal, só porque a bruxa da Adosinda que convenceu que era más barato.

Pensei para mim mesma, Vanderlei, tu mereces. Quem troca assim o élméte por uma latinha qualquer, merece ter os chávôs colados à fronha e a cheirar a mijo de gato. Mas, amigas, estou desolada.

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