quarta-feira, 15 de abril de 2009

Me volví, comadres.

Olé, comadres! Olhem, tenho a dizer-vos que o contrato com a editora de música não deu em nada. Eles não aceitaram as minhas exigências e eu recusei a proposta. Vejam lá que os chupistas queriam pôr umas miúdas novas a cantar a minha música, mas não me queriam a mim no CD. As moças têm um grupo parecido com as minhas amigas Doce e eu achei que até ficava bem cantar com elas. Mas não quiseram. Onde é que já se viu? Recusar a grande artista Linda de Suzi?! Agora não levam os direitos da minha música, para aprenderem a respeitar os grandes artistas da nossa praça. Yo soy Linda de Suzi. Não preciso de esmolas . A minha carreira fala por mim. E quem perde são eles. Hijos de puta.

Perdoem a minha enervação, comadres. Fico fula quando me pisam os calos. Mudando de assunto, o concerto em Vila Nova de Mil Fontes correu muito bem. Adorei ouvir o público cantar a minha música. E quando cantei com o Marco Paulo Nossa Senhora me dê la mano, até as nuvens se afastaram e o sol brilhou. Parecia um milagre, foi muito emocionante. E as comadres sabem o que significa para mim estar em palco. Venho outra. As palmas alimentam-me. Para aqueles que acham que a Linda de Suzi morreu, desenganem-se. Estou vivinha da silva e pronta para as curvas. Tal e qual como a comadre Maria de Lurdes. Aqui entre nós, comadre, eu também tive muitos piropos lá em Mil Fontes. Também não faço por menos. Levei aquele meu vestido justinho em lantejoulas vermelho que me fica a matar. Quantas é que chegam à minha idade e se podem gabar de caberem no vestido de quando tinham trinta anos? Hein? Oh Maxi, não comeces já com as tuas coisas. Tá bem que mandei alargar o vestido, mas ainda é o mesmo. E tu, Maria Santinha, não me venhas com a conversa de que não tenho idade para usar essas roupas. O que é bom é para se mostrar, é o que te digo. Tu também devias mostrar mais pele. Olha que o padre ia gostar de te ver bem decotada na missa. Ai, dios mio! Aprendam comigo que uma artista sabe sempre do que fala. A comadre Vandy é que me percebe.
Oh Maria Pomba, eu queria pedir-te uma coisa, mujer. Quando puderes lança-me as cartas. Estou preocupada com a minha filha. Ela disse-me que foi passar a Páscoa à Serra da Estrela com uma amiga, mas eu acho que ela me mentiu. Tenho para mim que ela ficou a trabalhar - aquela rapariga ainda se mata de tanto trabalhar - e não quis arreliar-me com preocupações. Vê-me aí nas cartas se a coitadinha está bem, que me aflige o coração. É que agora não sei quando vou à Margem Sul outra vez e estou preocupada com a minha menina.
Olhem, vou almoçar que já tenho o tacho ao lume. São favas com chouriço, o meu prato preferido. Nem sei como não me fazem azia, porque só me lembro daquela música que vocês sabem quando como as minhas favinhas. Isso de uns e outros se inspirarem em mim para criar as suas músicas devia de ser crime, pelágio ou lá o que é! Me voy, comadres. Hasta luego.


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