quinta-feira, 30 de abril de 2009
Éleméte
Pensei para mim mesma, Vanderlei, tu mereces. Quem troca assim o élméte por uma latinha qualquer, merece ter os chávôs colados à fronha e a cheirar a mijo de gato. Mas, amigas, estou desolada.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Back
Ai, e o nosso mordomo tem de fazer ginástica. Mas à nossa frente. Nada de ginásios cheios de galdérias vestidas de lica e sepondexe. Assim, à nossa frente, enquanto vemos a novela. Assim, regalávamos uma vista com o Mário Garcia enquanto contávamos os agachamentos do mordomo com a outra.
Beijas para todas,
V
Lombos de pescada com gambas e bechamel
Venho pior que estragada ensinar-vos esta receita, vocês sabem lá o que me sucedeu. Fui ao talho, estava lá o Quim da Marcenaria e eu cá não sou de intrigas, mas bêbado que nem um cacho. Diz que lá foi comprar umas hamburgas à mulher que ‘tadita tem estado de cama, com uma virose. Ora, sei eu bem o que ela tem, ela já não pode aturar mais aquele homem sempre com aquele bafo de uva fermentada, e depois diz que se sente mal e tem umas febres, quando o que ela quer é ver se ele lhe deixa a labita. E então, lá estava ele para comprar as hamburgas, com a senha anterior à minha, porque correu o desgraçado quando me viu a aproximar da porta. Já não sabem ser cavalheiros. Passa aí um minuto e ele deslarga-se a primeira vez. O Tó do Talho coitadinho que desde que levou o coice do cavalo do Zé Tolas (a quem não fala desde essa altura, o que cá para nós o cavalo foi só um pretexto, já desde a escola que eles não se engoliam), não tem olfacto mas eu tenho-o e dos apuradinhos e era um pivete que não se podia estar dentro daquele talho. Ora, o que é que eu faço para ver se ele se toca, amando-me com esta: “Ó Tó tens de desentupir a fossa que está aqui um pi que não se pode”. O Quim ri-se e finge que não é nada com ele e continua no registo das serenas (que como sabem são aquelas bufas muito mal cheirosas, que saem de fininho sem ruído). Eu não desisto e volto à carga: “Ó Quim não lhe cheira aqui mesmo mal? Quase que parece que algum de nós se deslargou!” O Quim vira-se e diz-me, vocês vejam a lata do homem: “Na volta foste tu Maximina, toda a gente sabe que sofres daquela doença do cólon irritável ou lá o que é”. Fui-me aos arames, dei-lhe um encontrão ao passar por ele, disse um adeus rápido ao Tó que já não podia com o cheiro e vim-me embora, razão pela qual, em vez de fazer a língua de vaca, que vos ensinarei noutro dia, resolvi descongelar os medalhões de maruca que tinha no Frederico. É que nem me apetece falar de tão arreliada que fiquei. Por isso deixo-vos apenas com a receita comadres, está bem? Conversamos mais noutro dia. É que já estou atrasada porra. Vem cá almoçar a neta da minha irmã e eu quero que isto fique mesmo bom, para ela não ir depois dizer avó (que toda a vida teve inveja de mim. Toda a vida. Ai o que eu sofro com isso.) que a tia-avó não sabe cozinhar. Sei cozinhar muito bem e é como vos digo: prático e requintado. Mas não o aprendi no findo programa do Sebastião (Ai Nelinho Goucha as saudades que tenho tuas na fase pré Teresa Guilherme. Ela deu cabo da tua pureza Gouchinha…) aprendi-o pela Sofia Antunes que por sua vez aprendeu com a sobrinha que veio da Madeira dar aulas para o Continente. E então é assim:
- Descongelam os medalhões
- Colocam-nos num tabuleiro com cebola picada e azeite
- Temperam-nos com pimenta, noz moscada e sal
- Regam com molho bechamel Pingo Doce que é muito bom. (2 pacotes)
- Colocam gambas congeladas (que dão menos trabalho) ou compram-nas já cozidas adivinhem onde? Todas juntas: NO PINGO DOCE.
- Levam ao forno a gratinar.
Acompanham com legumes cozidos, se eu quisesse agora ser brejeira dizia-vos grelos, mas vocês sabem como eu me pauto pela discrição e pelo humor subtil. Ai se pauto. E também com um arrozinho branco.
Olaré depois digam lá se não fica do melhor.
Bons cozinhados!
(Num belo cozinhado meteu-se a Tareca, a gata da Ermelinda que viu o que eu também vi, ai se ela falasse…)
Xizinho grande a todas.
Maxi.
terça-feira, 28 de abril de 2009
E gémeos?

Estava a pensar que o homem devia ser um interno. E fica tão bem dizer, temos lá em casa um interno! Arranjamos-lhe um quartinho jeitoso nos fundos do palacete e temo-lo de manhã, à tarde e à noite. É que dá muito jeito, falo por mim, não dispenso que me sirvam um chá à noite e um whisky ao serão. Agora deixem-me que vos diga, a coisa não está nada fácil, é uma dificuldade encontrar um nativo escorpião!!! Ó Comadre Pomba, não serve um touro ou até mesmo uns gémeos? outro dia apareceu cá um jovem asiático que me disse ser macaco. Era um figurão, um Jackie Chan. Mas logo por azar era do Zodíaco chinês. Tive que o recusar. Olhem, já não sei o que faça?! ainda temos o problema do Ulisses, raio do canino, embirra com tudo o que é gémeos e glúteos. Pois tem mordido nos rapazes! faz-se de sonso, gane um bocadinho e assim que um candidato se baixa para lhe afagar as pintas, pimba! E eu sou tão distraída, só agora reparei que o bicho também tem os dentes doirados ....
Comadrio, temos que nos reunir para tratar desta pendência do mordomo. Entretanto vou costurando a farda para o rapaz, ui, que linda! Um modelito grego para o Verão e um conjunto escocês para o Inverno. Suzi, querida, havias de me ajudar com tu gusto. Estou um pouco sem ideias e o Vanderlei não me tem ajudado, na volta marchou-se a Madrid (agora que a dona Léti anda ocupada com a dona Bruni, e o Felipinho mais solo). Também não tenho visto a Pomba, diz que foi à Pampilhosa visitar o Doutor Raposo. A Santinha acha os meus modelos ousados e a Maxi põe defeitos em tudo. Ai, ai.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Precisa-se de Mordomo!
Dá-se preferência a candidatos sem vida familiar organizada, de mente aberta e disponiveis para horários flexiveis.
É igualmente factor preferencial serem do signo Escorpião (fogosos, credo!) com ascendente Sagitário (que combinação!), que saibam rezar/cantar o Avé Maria, tenham conhecimentos profundos sobre a família real espanhola, saibam encarnar personagens, e exímios conhecedores dos programas da RTP Memória.
Factor de exclusão: ter medo de cães.
Oferece-se experiências de vida e um salário acima da média.
Para mais informações ou submeter curricula utilizar a caixa de comentários adjacente.
Cumprimentos,
O que se vai ouvindo no Palácio

Finalmente descobri o albúm do tal do Rodrigo Leão, que traz na capa a nossa bonita mobília da entrada. Só é pena terem cortado da foto o Ulisses. Logo quando eu lhe tinha limpo com esmero as unhas doiradas.
Eu bem vos digo que está escrito nas estrelas que o nosso palácio um dia ainda vai ser muito conhecido!
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Trago Fátima no coração

Amigas, venho outra. Cheia de luz e totalmente purificada de Fátima. Com a alma tão leve que nem a sinto. O corpo é que vem tão dorido, o autocarro deu-me cabo das costas. Para evitar as más-línguas esclareço já que o dinheirinho para esta viagem espiritual veio directamente das minhas poupanças: tenho andado a poupar, tostão a tostão, há tanto tempo que já nem me lembro desde quando. Este périplo a Fátima era um sonho antigo e também uma promessa que acabei de cumprir, graças a Deus. É por isso que venho aliviada, sinto-me uma pena a voar ao sabor do vento. Já sei, já sei, lá estou eu a escorregar para a poesia, mas é mais forte do que eu. O que eu sei é que estava com muitas saudades da nossa terra e sobretudo das comadres.
Então, e há novidades por aqui?
Ai meu pai que não posso com as costas.
Queridas comadres estou de volta
Sempre vossa, Maximina.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
"A vida é cheia de fezes!"
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Passear contigo, amar e ser feliz... Tu ru ru ru ru tu tu...
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Me volví, comadres.
Perdoem a minha enervação, comadres. Fico fula quando me pisam os calos. Mudando de assunto, o concerto em Vila Nova de Mil Fontes correu muito bem. Adorei ouvir o público cantar a minha música. E quando cantei com o Marco Paulo Nossa Senhora me dê la mano, até as nuvens se afastaram e o sol brilhou. Parecia um milagre, foi muito emocionante. E as comadres sabem o que significa para mim estar em palco. Venho outra. As palmas alimentam-me. Para aqueles que acham que a Linda de Suzi morreu, desenganem-se. Estou vivinha da silva e pronta para as curvas. Tal e qual como a comadre Maria de Lurdes. Aqui entre nós, comadre, eu também tive muitos piropos lá em Mil Fontes. Também não faço por menos. Levei aquele meu vestido justinho em lantejoulas vermelho que me fica a matar. Quantas é que chegam à minha idade e se podem gabar de caberem no vestido de quando tinham trinta anos? Hein? Oh Maxi, não comeces já com as tuas coisas. Tá bem que mandei alargar o vestido, mas ainda é o mesmo. E tu, Maria Santinha, não me venhas com a conversa de que não tenho idade para usar essas roupas. O que é bom é para se mostrar, é o que te digo. Tu também devias mostrar mais pele. Olha que o padre ia gostar de te ver bem decotada na missa. Ai, dios mio! Aprendam comigo que uma artista sabe sempre do que fala. A comadre Vandy é que me percebe.
Oh Maria Pomba, eu queria pedir-te uma coisa, mujer. Quando puderes lança-me as cartas. Estou preocupada com a minha filha. Ela disse-me que foi passar a Páscoa à Serra da Estrela com uma amiga, mas eu acho que ela me mentiu. Tenho para mim que ela ficou a trabalhar - aquela rapariga ainda se mata de tanto trabalhar - e não quis arreliar-me com preocupações. Vê-me aí nas cartas se a coitadinha está bem, que me aflige o coração. É que agora não sei quando vou à Margem Sul outra vez e estou preocupada com a minha menina.
Olhem, vou almoçar que já tenho o tacho ao lume. São favas com chouriço, o meu prato preferido. Nem sei como não me fazem azia, porque só me lembro daquela música que vocês sabem quando como as minhas favinhas. Isso de uns e outros se inspirarem em mim para criar as suas músicas devia de ser crime, pelágio ou lá o que é! Me voy, comadres. Hasta luego.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Assobiada
quinta-feira, 9 de abril de 2009
A Páscoa
À excepção de Maximina, não vê as suas amigas faz dias.
Soube pelo padre que Maria Santinha estava numa peregrinação às novas piscinas de Fátima, em nome da paróquia. Ao que consta as águas vieram propositadamente do Rio Jordão.
Quanto a Vandy, desconfia que tenha aproveitado a tolerância de ponto da repartição para (mais) uma viagem a Madrid. Segundo a Hola o Principe vai ao Prado inaugurar uma exposição, e Vanderlei não dispensará a oportunidade do encontro.
Maria de Lurdes, sim foi a banhos e massagens, num encontro-reunião de velhas, ou melhor, sempre glórias da Tv Nacional. Aguarda com expectativa as novidades e tricas.
De Linda de Suzi não tem notícias, mas associa o seu desaparecimento a um possível novo contrato discográfico (viu-lhe nas cartas, uma boa notícia profissional).
Maximina, telefonou-lhe à pouco para se despedir. Vai à terra ver os primos, e pôr flores novas na campa dos pais.
Maria da Pomba olha para o espelho da entrada. Ajeita o cabelo armado, e o broche doirado com as insignias do seu batalhão. Abre a porta da rua. Tomou uma decisão, vai até à esplanada do Castelo, beber um chá e ver passar os toiristas.
Leva consigo o kit astrológico e a plaqueta "Se you in the stares- Veri tippicall!", não se vá algum lembrar de comprar um mapa astral fresquinho!
Amizades Inesperadas
Para lhe agradar borda-lhe lenços do namorado, quase sempre em torno das mesmas rimas:
Pipo, Pipinho
Amor bem limpinho
Vagueias sem mim
como um pintinho
volta meu amor para o teu Vandyzinho
e com muitos miminhos
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Só naquela...
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Vanderlei
Linda de Suzi
Deolinda da Conceição nasceu em Arraiolos, em 1951, tirada das entranhas de sua mãe pelas mãos de sua avó Consuelo – a parteira de Arraiolos. Linda foi um parto difícil. Consta que queria usar o cordão umbilical como estola, mas a intenção foi-lhe boicotada por Consuelo. Linda deve a vida àquela avó e, talvez por isso, sempre se tenha sentido tão ligada a ela. Aliás, dizia-se na terra que Linda era mais filha da sua avó do que da sua mãe. Da mãe Luzia, apenas herdara o tom de pele curtido e o cabelo negro. E do pai António, os olhos castanhos. Só o tom. Porque o brilho do olhar, esse, era todo da avó. Assim como o resto de Linda – a desenvoltura, a sensualidade latina, a vaidade, a irrequietude, a resposta pronta na ponta da língua, a desfaçatez. Nem um traço da timidez e recato de sua mãe ou da sobriedade de seu pai. Os modestos agricultores não podiam ter tido colheita mais díspar que aquela. Espalhafatosa, como a avó Consuelo.
Os serões preferidos de Linda eram passados a experimentar as roupas exuberantes que a avó guardava entre bolas de naftalina ou a ouvir histórias de um passado fascinante deixado em Espanha. Consuelo, una bailarina de flamenco con una carrera extensíssima en los mejores tablaos flamencos de los cafés cantantes andaluzes... abandonara o estrelato por amor a um arraiolense. Casara no Alentejo, deixando em Espanha um passado glorioso.
Diz-se que Linda aprendeu o flamenco com a sua avó, antes mesmo de dar os primeiros passos. E com coisa de 3 anos e pico já animava os bailaricos de Arraiolos e arredores, pisando destemida os palcos das associações recreativas e das cooperativas. A catraia de cabelo apanhado, vestido aos folhos e castanholas na mão figurava nos cartazes como Consuelita, a espanholita de Arraiolos. Sempre acompanhada e dirigida pela sua avó, claro. Já os pais de Linda não se entusiasmavam tanto com a veia artística da filha. Consideravam tudo aquilo um encantamento próprio da idade.
Mas o encantamento não passou com o andar da idade. Adormeceu apenas, logo depois da morte da avó. Aos 13 anos, Linda deixou a terra-natal e partiu para Lisboa, sozinha. Trabalhou como criada na casa de uma família abastada até aos 17 anos, altura em que engravidou de um militar e se viu obrigada a casar antes de a barriga crescer. Com uma filha recém-nascida nos braços, Linda perdeu o marido para o Ultramar e não teve outro remédio senão voltar a trabalhar como criada. Desta vez, e viúva aos 19 anos, Linda arranjou biscate em casa de um simpático casal inglês – Suzi e Paul – que acolheram Linda e a filha como se fossem da família.
A criada do casal inglês conformava-se com o único ofício que julgava saber capaz de fazer, até ao dia em que remexeu nas coisas do passado e encontrou numa caixa as lantejoulas gastas dos seus tempos de Consuelita. O bichinho voltou. Linda queria pisar um palco novamente e decidiu procurar alguém que a ajudasse a recomeçar a carreira interrompida. Calcorreou Lisboa e a persistência valeu-lhe umas quantas actuações em bairros típicos da cidade, por ocasião dos santos populares. Linda, vestida a rigor, dançava o flamenco e interpretava algumas das canções populares portuguesas mais conhecidas. Ao "São João Bonito" acrescentava sempre um sotaque castelhano que fazia sucesso. Era a cantar que Linda arrancava mais aplausos ao público e foi nas cantigas que decidiu apostar. Uns meses depois, escreveu e cantou o seu primeiro e único êxito – “Suzi” – uma cantiga dedicada à patroa inglesa. Sempre que anunciava a canção em palco, Linda dizia: “À Suzi, por criar a minha filha, enquanto eu tento criar o meu sonho”. O êxito da música foi tanto que Linda foi baptizada pelo público como “Linda de Suzi”. E foi com esse nome artístico que deu espectáculos por todo o país.
Quase 35 anos depois de ter descido dos palcos, Linda ainda usa o seu nome artístico e ainda se acha uma grande estrela da música ligeira portuguesa. Todos os dias se veste, penteia e maquilha como se fosse actuar. Porque, como costuma dizer, “não há palco como a vida”. E, por isso mesmo, Linda não descura a sua imagem. Usa sempre acessórios ligados ao flamenco ou às sevilhanas – travessões no cabelo, leques, blusas de cores garridas e muitos folhos. Algumas das coisas que usa pertenceram à avó, outras comprou em lojas dos trezentos e, mais recentemente, nos chineses. Linda nunca foi a Espanha. Adora os tamancos da comadre Pomba e, às vezes, furtivamente, coloca-os nos pés. Está sempre a cantar. Não tem má voz, mas com a idade foi adquirindo “voz de bagaço” e torna-se doloroso ouvi-la, depois de algum tempo. Ainda por cima, Linda tem uma mania irritante: pega nas palavras que surgem em conversa e cantarola musiquinhas a partir delas. As comadres vão aos arames.
Linda não trabalha. Como herdou a fortuna dos seus ex-patrões ingleses – e só em Vinho do Porto tem para ali uma data de dinheiro – deixou de trabalhar há mais de trinta anos. Pode dar-se ao luxo de cultivar o ócio diariamente, na companhia das suas comadres, com quem partilha mexericos e trabalhos manuais. Enganem-se se julgam que a alentejana de Arraiolos tem jeito para os famosos tapetes. Nunca aprendeu a arte, nem nunca quis – estava demasiado entretida com as castanholas. Actualmente, prefere tricotar o enxoval para a filha – uma quarentona encalhada, para desespero de Linda – e pecinhas de lã de cores neutras para o neto que ainda acredita vir a ter. Entre as restantes comadres paira a dúvida se a filha de Linda não terá outras orientações sexuais - a comadre Pomba até já viu nas cartas outra mulher na vida da pobre - mas o assunto morre na presença de Linda.
As conversas entre comadres funcionam para Linda como uma espécie de Jardim das Estrelas do Júlio Isidro – folclore, gastronomia e cantigas. Não há dia em que Linda não relembre os seus dias de glória. Vive presa a um passado que poderia ter tido e não teve. Tal como a sua avó Consuelo (presença assídua nas conversas das Comadres, ora em moldura, ora num fio porta-retratos que Linda usa ao pescoço).
O meu nome é Maxi
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Maria de Lurdes Honesto
Nasceu na Ventosa, e iniciou carreira na Rádio da Planície Saloia, como locutora de discos pedidos. Também lá deixou marcas profundas. É divorciada e tem hábitos considerados duvidosos (mas que lhe sustentam os vícios). Tem a mania de colocar a voz e de fazer pausas sempre que passam anúncios na tv. Não tem jeito para a cozinha mas gosta muito de fazer crochet (é assinante da Burda), de ver o programa Contacto e fazer o Euromilhões, conjunto, com as amigas comadres.
Maria da Pomba aka Pomba Gira
Seguiu a Carreira militar por vocação do pai, e porque sempre gostou de ver mulheres com fardas. Acompanha-a desde criança um profundo fascínio pelas estrelas. Tentou a astronomia, mas cedo percebeu estar vocacionada para as ciências mais exactas. Dedicou-se desta feita à Astrologia. Durante alguns anos conciliou a profissão, com a carreira militar, chegando até a montar banca na cantina do quartel, onde por uns escassos mil réis fazia o mapa astral dos seus colegas de Companhia. Em situações excepcionais receitava, pelo mesmo valor, mezinhas caseiras. A vida deu um tombo quando o seu Capitão, descontente com o resultado do mapa astral, a desonerou do exército. Era na ocasião alferes.Imbuída do espírito empreendedor que sempre a caracterizou, Maria da Pomba, abriu consultório. Foi igualmente nesta ocasião que descobriu mais um talento, os bordados de lenços dos namorados. Oferecia-os às clientes como prova de fidelidade. Dez consultas, uma oferta.Costuma passear-se pelas esplanadas de Alfama, bordando lenços dos namorados com motivos militares. Despede-se (quase) sempre com um “está escrito nas estrelas”, que já lhe valeu das amigas o cognome de Pomba Estelar. Como é vaidosa, e gosta de se arranjar fez-lhe um upgrade para Pomba Gira.
A COMADRE BEATA - Maria Santinha
Mulher devotada, Maria Santinha sente-se abençoada por se entregar de corpo e alma à prática religiosa, por isso, o seu lugar preferido é a Igreja.
É vista pelas outras comadres como uma mulher exageradamente religiosa e foi por isso, secretamente "baptizada" pelo resto do grupo de "rata de sacristia", facto que desconhece (mas desconfia).
Significado de COMADRE
nome feminino
[masculino: compadre]
1.
madrinha de um recém-nascido em relação aos pais e ao padrinho deste
2.
mãe de um recém-nascido em relação aos padrinhos deste
3.
parteira
4.
vaso com água quente para aquecimento da cama
5.
popular mulher mexeriqueira;
quinta-feira de comadres quinta-feira que precede o dia de Entrudo
(Do lat. ecl. commatre-, de cum, «com» +matre-, «mãe»)
Fonte: Dicionário da Língua Portuguesa - Porto Editora