quinta-feira, 4 de junho de 2009

QUERIDINHO VALÉRIO:

Bem sei que partistes com o teu grande amor, a Santinha. Eu às vezes dava por mim a pensar... Ele hoje não me está a rezar como deve de ser, a reza não flui ou que é, e perguntava-te alembras-te? "Que é que tens filho?" e tu olhavas para mim e sorrias-te todo, com o teu dentinho podre e dizias, agarra nas bolinhas e reza. E eu lá rodopiava o tercinho nos dedos e continuava-me a amar-te cegamente...Ai... A rezar com fervor. Ora, como eu de ti só queria as orações, que para aturar homes já me tinha chegado e bem, meu paizinho que Deus o tenha, mas que mal vi no que é aquilo de viver com um home dava (coitada da mãezinha sempre encornada, sempre encornada e sempre a fazer-te as comidinhas, como gostavas, paizinho) me tinha metido na mona "Contigo não Maxi. Contigo não. Há-des viver livre como uma codorniz" E assim o fizeo. Vivo até hoje sozinha mas sou alegre. E além disso uma pessoa pode viver sozinha sem ter de abdicar da religião não é verdade? E assim surgistes tu, queridinho, já no Outono da minha vida e viestes dar vida ao que antes era de plástico e a pilhas. Ai... Viestes materializar a minha fé. Assim é que foi. Ora, não estava nada à espera que esta felicidade viesse ser lixada desta maneira ambruta (ouvi isto no outro dia e tu sabes que eu gosto de aprender palavritas novas. Que eu cá só sou velha no cartão do cidadão. Já o tenho! E fiquei muito bonita dentro do que me é possível. Mas já não to cheguei a mostrar. Está tão lindo o meu cartão do cidadão Valério. Com quem é que eu partilho estas coisinhas giras todas queridinho? Dirias: "Com as outras comadres." e eu respondia-te, se pudesse, meu cabr... "Elas já sabem a minha vida toda! As coisas ainda não acontecerem e eu já lhas contei. É um problema que eu tenho com esta língua de trapos, tu sabes...) Ora acertei quando te senti distraído e pouco empenhado nas rezas, mas nada me fazia prever que a razão da tua distracção era a Santinha. Eu sei, eu sei, ela é tão bonita e pura e tu fizestes o que o teu coração mandou. Não te guardo rancor... Caralh... Fodas... Porra... Não! Juro-te que não. Que me dê aqui já uma caimbra se te guardo rancor meu granda cabr... Ai porra que me está a dar uma caimbra. O meu problema agora é as recordações percebestes? Isso é que é. Vêm aí os Santos Populares e alembro-me de quando me destes o manjerico e meti logo lá o nariz, como gosto de fazer com quase tudo e o manjerico coitadito morreu logo no dia a seguir. Alembro-me que no outro dia me trouxestes outro e eu fiz a mesma coisa e alembro-me da quadra e tudo, mas agora não tenho tempo de a pôr aqui que ando cá a ver se me oriento de outra maneira. Em último caso, volto ao plástico... Ai... Às orações no recolhimento do lar. É difícil arranjar alguém que me dê com a fé entendes? Olha Valério, nunca me vou esquecer deste lindo caminho que percorremos juntos e espero que em breve te atinja aquela coisa da disfórmia erecta ou que é, que é para te reformares que eu sei que te sentes já, por demais, cansadito. Um grande xizinho querido e quando puderes reza uma a pensar em mim. Agradecida.

Da antes sempre tua devota, mas agora já não tanto porque me lixastes a vida sex... Ai... Religiosa, Maximina.

6 comentários:

  1. Valério Jacinto Amaral8 de junho de 2009 às 18:41

    O problema nunca foste tu; sou eu. Na realidade sou frágil e inseguro e nem a faculdade em Coimbra me fez mais crente (em mim). Tento ter fé, mas há sempre alguma coisa que cai: um avião, uma promessa.
    Dr. Valério

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  2. eh eh eh eh. Dr. Valério, achei linda sua resposta. Mas aquele que me lixou a vida sex... ai... religiosa, não é Doutor. É Padre. Amén. Em todo o caso, um xizinho queridinho por me ter tentado atenuar o sofrimento que carrego nas partes... Ai... no peito. Assim é que é. No peito. Espero que a sua insegurança se cure queridinho que essa maleita só nos faz mal à vidinha que é tão curta por deus. Fique bem. Maximina AM.

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  3. Valério Jacinto Amaral8 de junho de 2009 às 20:47

    Dona Maximina,
    Sempre pensei que haveria de aparecer um arquétipo daquilo que eu era e inspirar as mulheres para o meu género. Mas primeiro veio o Clint; depois veio o Cruise. E finalmente lá veio o Hugh Grant, o ser frágil que as mulheres modernas queriam levar para casa. Se lê a Flash já deve ter lido sobre ele.
    Atentamente
    Dr. Valério

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  4. (Olha passou do tu para o Dona. Admite portanto que não era a mim que se queria dirigir uma vez que é Dr e não Padre...)

    Desses que cita queridinho só mesmo o Clint é que eu queria lá em casa e era para rosnar e afastar os cabr... dos putos que passam a vida a atirar-me pedras às janelas.

    Não leio a Flash. Leio revistas de culinária.

    Outro xizinho querido. E olhe que isso dos famosos é só ilusões digo-lho eu. Há com certeza muito encanto em si que pelos vistos é tímido. E não são precisos arquétipos ou lá que é que disse, para uma mulher se apaixonar. Muita forcinha para superar tudo, é o que eu lhe desejo.

    Melhores cumprimentos

    Maxi.

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  5. Sr.ª D.ª Maximiniana,
    Minha quis que fosse padre, pois era o delfim lá do solar, e o mais velho tinha ido para medicina e o outro para o direito. Porém fiz-me missionário mais cedo e salvei-me da vida recta. Ia-me desgraçando uma humilde Maximina, filha de um pobre lavrador, que julgava agora, passados estes anos, já letrada. Lamento o desengano.
    Bem haja.

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  6. Não lamente queridinho. A vidinha é feita desses (des)enganos. Letras só conheço as da canjinha que faço e que fica um primor com uma folhinha de hortelã para dar um toque. Não tenha expectativas e não se desiludirá. Um grande bem haja tb para si e vá passando para tomar um chazinho. Quem sabe não podemos ser bons amigos.

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